100ª Página. “As pessoas dizem que é importante haver um espaço assim”

A preservação de uma “identidade plural e transcultural” tem sido o principal desígnio da Centésima Página. É desta forma que as fundadoras e proprietárias da livraria descrevem o espaço cultural bracarense que esta terça-feira celebra 20 anos.
Inicialmente situada na Praça da Faculdade de Filosofia, a Centésima Página abriu ao público a 26 de Novembro de 1999, sendo que em 2005 mudou para a Casa Rolão, na Avenida Central.
Sofia Afonso, uma das responsáveis pelo espaço, considera que a “identidade” que a livraria sempre procurou “imprimir” ainda “permanece”. “As pessoas levaram algum tempo a perceber, mas essa identidade que assenta num valor de encontro e de diversidade é algo que as pessoas reconhecem. Dizem que é importante haver um espaço assim”, explica à RUM.
Durante 20 anos, o mundo da literatura sofreu uma grande transformação, havendo agora um número cada vez maior de veículos em que o conteúdo das diferentes obras pode ser transportado. Sofia Afonso reconhece a importância do digital, recordando que a Centésima Página foi “uma das primeiras livrarias a ter um espaço online”.
A livraria utiliza o digital sobretudo para promover o espaço e para a encomenda de livros, evitando a “venda direta pura e dura”. “O nosso objectivo sempre foi as pessoas estarem no espaço e usufruir dele”, refere, peremptoriamente, acrescentando ainda que “as mais recentes publicações dizem que os sites que fazem a diferença no mercado são os que criam uma relação especial com o cliente”.
Fecho da Centésima Página chegou a ser equacionado
Com as transformações que o mundo literário tem sofrido e com as várias crises que vêm assolando esta área, Helena Veloso, outra das fundadoras e proprietárias, reconhece que a possibilidade de a Centésima Página fechar chegou a estar em cima da mesa.
“Existiram alturas em que havia uma maior tendência para o fomento de grandes cadeias ligadas à livraria. Com esse fantasma e com o fantasma do livro digital, houve quase uma previsão de que as livrarias iam fechar todas e rapidamente, o que aconteceu com muitas”. Segundo Helena Veloso, foram os clientes e a identidade deste espaço cultural que o ajudaram a manter de pé.
A principal área de actuação da Centésima Página é a literatura. No entanto, a livraria tem procurado também organizar iniciativas ligadas a outro tipo de artes, como exposições, apresentações de livros, debates, concertos, animações infantis e ateliers.
