75% dos bivalves de água doce estão em risco. Barragens são o principal problema em Portugal

75% dos bivalves de água doce na Europa estão ameaçados. Ronaldo Sousa, investigador do Centro de Biologia Molecular e Ambiental da Universidade do Minho (CBMA) está a estudar soluções para uma maior conservação dos ecossistemas de água doce. 


Em entrevista para o programa sobre ciência da RUM, o UM I&D, Ronaldo Sousa explica que os bivalves são espécies com importantes funções nos ecossistemas, uma vez que são responsáveis pela filtração na coluna de água. Tratam-se de espécies raras que podem ser utilizadas como bioindicadores da qualidade da água. 


Em Portugal, especificamente no norte do país, o investigador analisou os rios Lima e Minho. Segundo Ronaldo Sousa os casos mais preocupantes de bivalves ameaçados são: a Margaritifera margaritifera (criticamente ameaçada), a Potomida littoralis (ameaçada) e a Unio tumidiformis (vulnerável). E o que está a afectar estas espécies?


Em Portugal, um dos maiores problemas que tem vindo colocar em risco as três espécies anteriormente enumeradas é a construção de barragens. 

“Normalmente a maior parte das espécies, no nosso país, gosta de habitats com água corrente. Ora, quando falamos de barragens temos um sistema de água parada, o que faz com que as espécies desapareçam na parte superior da barragem, pois não têm condições para viver. Já na parte inferior, mesmo com a regularização do caudal dos rios, as espécies acabam também por desaparecer nos primeiros quilómetros, uma vez que o habitat foi alterado”, explica o investigador. 


Outras causas identificadas são a poluição através de químicos, a sobreexploração de recursos como peixes que são essenciais para o desenvolvimento dos bivalves que utilizam os mesmos como hospedeiros na fase larvar, alterações climáticas com o aquecimento das águas e a introdução de espécies invasoras.

A amêijoa asiática (Corbicula fluminea) é a espécie invasora predominante em Portugal. “Têm um ciclo de vida mais simples e rápido”, ou seja, mesmo que acabem por morrer nas épocas de seca acabam por recuperar mais rapidamente em comparação, por exemplo, com a Margaritifera margaritifera.

Neste momento Ronaldo Sousa frisa que um dos grandes objectivos passa pela conservação das espécies. A equipa de aproximadamente 20 investigadores e estudantes do CBMA, da Universidade do Porto, Vila Real e do Politécnico de Bragança estão a averiguar a possibilidade de “criar em laboratório juvenis para, posteriormente, lançar as espécies nos rios e assim repovoar as zonas e populações mais afectadas”.  

Vanessa Batista
Vanessa Batista

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