700 mil portugueses sofrem de insuficiência renal

Cerca de 700 mil portugueses sofrem de insuficiência renal crónica, uma doença provocada pela diminuição progressiva da função dos rins.

Portugal tem uma das mais elevadas incidências da doença, cujas causas podem estar associadas à diabetes e a hipertensão.

À RUM, o presidente da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), Aníbal Ferreira, explica que esta é uma doença silenciosa e “esse é um dos obstáculos para o diagnóstico precoce”.

“Os sintomas são muito escassos nos estádios mais iniciais”, começou por apontar o professor, que aconselha uma “análise, pelo menos anual, ao sangue e à urina”. No entanto, alerta que as pessoas com “diabetes, hipertensão, ou que se têm que levantar frequentemente de noite para urinar, tendo a urina espuma ou sangue” devem consultar o nefrologista.

Quanto ao tratamento, o professor adianta que não passam necessariamente pelo transplante se for detectado precocemente.

“Quando falamos em falência dos rins, as pessoas, regra geral, associam logo, a diálise e transplante. Felizmente não. Quando dizemos que 7% da população portuguesa tem insuficiência renal, estamos a dizer que a esmagadora maioria tem uma falência muito parcial da função dos rins”, evidenciou Aníbal Ferreira. O presidente da SPN explica ainda que “num estadio mais avançado os tratamentos vão ter que ser mais agressivos, recorrendo a alguns fármacos ou, quando o órgão deixar de funcionar, vai ter que ser substituída a função renal através de diálise ou transplante”.

Prémio de 10 mil euros distingue investigação sobre insuficiência renal crónica

A Associação Nacional de Centros de Diálise (ANADIAL) e a Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN) estão a promover o maior prémio de investigação, em Portugal, no valor de 10 mil euros, na área da nefrologia, com o objectivo de reduzir os números associados à doença.

“Este Prémio pretende incentivar à realização de trabalhos científicos que permitam estudar e diminuir a elevada incidência de doentes com insuficiência renal crónica em Portugal, sobretudo nos estádios mais avançados, e por outro lado, colmatar a ausência de investigações clínicas e estudos epidemiológicos nesta área”, explica Jaime Tavares, presidente da ANADIAL.

O objectivo é “incentivar as equipas a irem mais longe e a conseguir actuar mais cedo de forma a diminuir esta epidemia”, disse Aníbal Ferreira.

O Prémio de atribuição anual, visa promover a realização de estudos clínicos e avaliações epidemiológicas na área da Investigação em Insuficiência Renal Cronica, com particular relevância para a identificação de fatores de risco e intervenções preventivas da evolução da doença renal crónica.

As candidaturas estão abertas até ao dia 31 de Dezembro.

O prémio será formalmente apresentado em cerimónia pública, no âmbito das comemorações do Dia Mundial do Rim, em 2019.