BE quer esclarecimentos de Rio, Altino e Rui Morais

O Bloco de Esquerda (BE) quer explicações do presidente da Câmara Municipal de Braga e do vereador do Ambiente pela suspeita de ligações do responsável daquele pelouro a uma empresa que detém, de há uns meses a esta parte, mais de uma dezena de painéis publicitários na cidade.

Num comunicado enviado às redacções, a concelhia bloquista suporta-se no artigo de opinião de Jorge Cruz publicado esta semana num jornal diário da cidade. Segundo o comentador de política da RUM no programa Praça do Município, num almoço na AGRO, que contou com a presença de vários responsáveis municipais, aconteceu uma acesa troca de palavras públicas entre o administrador da Agere (Rui Morais) e o vereador do CDS (Altino Bessa).

Em causa o alegado abuso na utilização de painéis publicitários para a Via Sacra de Maximinos, organizada pelo assessor de Altino Bessa, Francisco Mota. Rui Morais, administrador da Agere, acusou o vereador do Ambiente de “fazer negócio” e pediu até que não o fizesse falar mais sobre o que sabia.

Numa das edições do Correio do Minho desta semana, o artigo de opinião de Jorge Cruz lança novas dúvidas sobre o estado de saúde da coligação Juntos por Braga:

(…) A coligação ‘Juntos por Braga’ já não consegue ocultar as fortes discordâncias entre alguns dos seus membros pelo que os sinais do clima de desconfiança começam a notar-se, mesmo em actos públicos. Um dos mais recentes teve como protagonistas Rui Morais, administrador executivo da Agere e um dos vice-presidentes da Comissão Política concelhia do PSD, e Altino Bessa, vereador e presidente da Distrital do CDS-PP.

Indiferente a quem os rodeava – alguns eleitos de executivos de juntas e outros responsáveis municipais -, o dirigente social-democrata não se coibiu de proferir acusações de extrema gravidade à equipa municipal do Ambiente a qual, como se sabe, é titulada precisamente pelo líder do CDS-PP. 

(…)

“Em concreto, Morais acusou o pelouro do Ambiente de ter retirado a sinalética indicativa de unidades de restauração e hotelaria e de “fazer negócio” com outra empresa que tem estado a ser promovida junto dos referidos estabelecimentos. A título de exemplo, referiu o nome de uma dessas unidades que, segundo disse, terá recebido a visita de responsáveis autárquicos, entre os quais o próprio Altino Bessa, que negou de imediato a sua participação nesse encontro.

Claro que, nestas circunstâncias, as vozes dos dois responsáveis da coligação subiram de tom destacando-se momentaneamente dos restantes comensais – é do almoço de inauguração da Agro que estamos a falar. Feio, muito feio mesmo, até porque ainda foram audíveis algumas das derradeiras palavras de Rui Morais: “não me faças falar”. 

O Bloco de Esquerda pede agora esclarecimentos aos responsáveis.

Paula Nogueira chama Ricardo Rio, Altino Bessa e Rui Morais a prestarem esclarecimentos aos bracarenses. Em declarações à RUM, a bloquista refere que “as acusações que são proferidas por Rui Morais são graves e são dirigidas ao vereador Altino Bessa e ao seu assessor. Portanto, como são graves e implicam, inclusivamente, ilícitos, as pessoas envolvidas têm de dar satisfações. Uns têm que explicar se realmente as acusações são verdadeiras e o outro tem que provar se tem formas de comprovar que as acusações que fez são verdadeiras também. Nós não podemos assistir e tudo ficar na mesma”, reiterou.

Contactado pela RUM, Rui Morais lamentou o comunicado do BE e não quis prestar esclarecimentos, dizendo apenas que não responde a “artigos de opinião baseados no diz que disse”.

Paula Nogueira recordou toda a questão relacionada com a empresa que detém agora painéis publicitários em pontos estratégicos da cidade e que já tinha gerado algum ruído do lado dos partidos da oposição.  A candidata do BE explica as acusações que se podem ler no referido artigo de opinião, nomeadamente o facto de a empresa publicitária ter patrocinado a Via Sacra de Maximinos “ao qual esteve muito envolvido o assessor do Eng. Altino Bessa”. “Essa acusação é feita pelo vice-presidente da concelhia do PSD”, sublinha. 

Questionada sobre possíveis consequências na corrida autárquica em Braga, Paula Nogueira deixa esse ponto para segundo plano e realça a necessidade de que toda esta polémica seja esclarecida pelos envolvidos. “Em primeiro lugar é preciso que toda a gente venha dar explicações. Depois desses esclarecimentos tiraremos as nossas conclusões”.

Recorde-se que até ao momento ainda não foi assinado o acordo da coligação Juntos por Braga, ainda que tanto Ricardo Rio como Altino Bessa já tenham confirmado que a coligação se irá manter.