Projecto inovador de inclusão social de migrantes em Braga
Chegou a Braga um projecto inovador de integração de migrantes e refugiados. Chama-se SPEAK e procura promover a inclusão social de migrantes nas cidades onde vivem. A ideia é simples: criar cursos de partilha de línguas e culturas, onde qualquer pessoa, seja local ou migrante, se pode inscrever para aprender ou ensinar uma língua. “O SPEAK foi criado para ajudar a ligar migrantes, refugiados e locais que estão a viver na mesma cidade. E faz isso através do intercâmbio de línguas. Qualquer pessoa se pode inscrever para aprender uma língua, ou para ensinar aquela que sabe, e durante essa experiência, para além de aprenderem as línguas, conhecem o outro, quebram barreiras, quebram preconceitos, começam a dar mais valor à diversidade”, explica Hugo Aguiar, Co-fundador do projecto.
O SPEAK chega a Braga numa parceria com a Câmara Municipal, que assim se junta às cinco cidades já existentes – Cascais, Coimbra, Leiria, Lisboa e Porto. O projecto envolve, neste momento, cerca de 5 mil participantes, de mais de 100 países. Por cá, o SPEAK arrancou no final do mês de setembro, pelo que as inscrições estão abertas para quem quer ensinar e para quem quer aprender. Para aprendizagem, já há três línguas disponíveis: o português, o inglês e o mandarim.
Hugo Aguiar não tem dúvidas de que o projecto tem sido capaz de integrar socialmente migrantes, assim como tem ajudado a que a população local tenha mais respeito pela diferença e diversidade. “Uma pessoa ucraniana no SPEAK, passado doze semanas, sente pertencer mais à cidade onde está em 40% comparativamente a uma pessoa da mesma nacionalidade que não tenha estado no SPEAK. Isto são resultados dos nossos questionários de medição de impacto social”, refere o responsável pelo projecto.
O SPEAK tem-se destacado em Portugal como solução de integração de migrantes, pela forma como quebra estigmas, pela promoção da igualdade e a criação de redes de suporte informal entre os participantes. Recebeu o selo Europeu para as línguas atribuído pela Comissão Europeia e, em 2015, venceu vários prémios, destacando-se como o melhor projeto social português em fase de crescimento no Social Innovation World Forum e uma das melhores 10 inovações sociais pela Fundação António Manuel da Mota.
O modelo do SPEAK inclui também a promoção de eventos de integração. Os eventos são gratuitos para todos e para as aulas de línguas são cobrados 25€ por 18 horas. Há duas regras contudo: quem está a ensinar no SPEAK, ou enfrenta dificuldades financeiras (sejam refugiados ou locais) terá sempre acesso a todos os cursos que quiser, a custo zero.
