“Os Guardas do Taj” tomam conta do Theatro Circo até Domingo

É um confronto entre o pragmatismo e o idealismo. É assim que se define a peça”Os Guardas do Taj”, do norte-americano Rajiv Joseph, que está em cena até Domingo no Theatro Circo. A estreia acontece esta quinta-feira, pelas 21h30. A peça conta com duas personagens: uma sonhadora, interpretada por Ricardo Tozzi, e uma personagem bastante racional, encarnada por Reynaldo Gianecchini.
Em “Os Guardas do Taj” as suas personagens complementam-se. “A estrutura está bem definida: o sonhador e o racional. A peça fala muito do que realmente importa, das escolhas que se faz na vida e a forma como a vida acaba”, começou por explicar aos jornalistas Ricardo Tozzi, após o ensaio geral. Reynaldo Gianecchini acrescentou que, em palco, os dois personagens se complementam, com todas as diferenças. “São irmãos e mostram as duas ópticas com que se pode olhar para as coisas: a partir da emoção ou da razão”.
Na verdade, a peça recua a 1648, ano em que o Taj Mahal foi concluído, na Índia, e baseia-se na lenda segundo a qual os guardas do palácio não podiam falar nem olhar o edifício. Uma realidade não compreendida e questionada pelo lado mais sonhador, mas que é constantemente reafrimada pela faceta mais conservadora. “Somos guardas imperiais e um dos juramentos é nunca falar”, diz a personagem de Reynaldo Gianecchini na parte inicial da peça.
Rafael Primot é o encenador explicou que, em cena, estão “duas figuras completamente distintas, cada um seguindo a sua realidade”. O principal objectivo é “falar das coisas que fazemos sem questionar, a ordem estabelecida, seja moral ou política. O ser humano é questionador e o espectáculo fala sobre obedecer cegamente à ordem que vem de cima, sem questionar”, explicou.
Da Índia de 1648 a peça “Os Guardas do Taj” podia “passar” para o Brasil de hoje, dizem os actores, para quem o Brasil está a viver um “momento bonito, que a nossa geração não conhecia”. “Está toda a gente a posicionar-se e a dizer “fo…” assim não”, assinalou Reynaldo Gianecchini. “Estes políticos não nos representam”, lamentou. Fazendo o paralelismo, Ricardo Tozzi lembrou que “o imperador «quebrou» a Índia para construir um monumento para a mulher que amava. É o interesse dele, mas nós temos que lutar pelos nossos”, frisou.
A peça “Os Guardas do Taj” estreia no Theatro Circo, onde ficará em cena até Domingo. Mais tarde, a peça segue para a Póvoa de Varzim e Vila Nova de Famalicão. Os preços dos bilhetes variam entre os 20 e os 25 euros, ou metade para quem tem cartão quadrilátero.
