PCP desafia Governo a dizer “já” que não quer uma nova PPP

O PCP realiza esta quinta-feira uma acção de contacto com utentes e trabalhadores do Hospital de Braga para dar a conhecer o projecto-lei que apresentou na Assembleia da República que defende a recuperação definitiva pelo Estado da gestão pública do Hospital de Braga. Os comunistas consideram que o Governo tem agora uma oportunidade única para resolver o assunto em definitivo.

Gonçalo Oliveira, do PCP Braga, realça que o contrato deve ser revogado agora e que no 1º dia de Setembro deve começar uma gestão integralmente pública do Hospital. “Para o PCP o caminho é claro a seguir, o Governo tem agora uma oportunidade única de resolver este assunto de uma vez por todas. O PCP criou todas as condições para que o problema seja resolvido de forma inequívoca, salvaguardando todos os direitos dos trabalhadores e todos os cuidados de saúde que estão a ser prestados agora”, vincou o comunista.

PSD e CDS estão contra o fim da parceria público privada. O PCP não poupa nas críticas. “É um caminho que leva à fragilização do Serviço Nacional de Saúde (SNS) e de muitos problemas que são notórios com esta gestão”, avisa Gonçalo Oliveira que lembra que a política de direita “nunca quis um Serviço Nacional de Saúde”, acusando mesmo PSD e CDS de estarem “preocupados com o interesse dos privados” e “não na defesa do SNS” que “tem um valor imprescindível para o povo português”. 

Questionado sobre os sucessivos estudos e resultados de inquéritos que a unidade de saúde vem apresentando e que apontam para a satisfação generalizada dos utentes, Gonçalo Oliveira levanta dúvidas quanto aos critérios seguidos pelo Grupo Mello Saúde nos referidos inquéritos. 

“Esses inquéritos procuram retratar uma realidade que não corresponde à experiência de muitos dos utentes e dos funcionários deste hospital. São inquéritos feitos à medida de cada um. Quem os pagou saberá dizer em que condições foram realizados. O que o PCP conhece está fundamentado numa série de multas avultadas passadas ao Grupo Mello por incumprimento do contrato e revela que essa não é a realidade”. Gonçalo Oliveira dá o exemplo do incumprimento de tempos de espera para consultas de especialidade e cirurgias, problemas na gestão dos direitos dos trabalhadores e práticas contrárias à lei, esclarecendo que dão nota de que o Hospital de Braga “não é um exemplo a seguir”.

Uma crítica corroborada pelo vereador da CDU no município de Braga que se associou à acção pública desta manhã. Carlos Almeida considera que os resultados dos inquéritos não correspondem à realidade porque em muitos casos, a satisfação surge pelo esforço dos profissionais do Hospital de Braga. “O desempenho dos profissionais é que tantas e tantas vezes garante que muitos utentes reconheçam o serviço que é prestado com qualidade e em instalações recentes, o que naturalmente também colhe uma avaliação positiva dos utentes”, explica. Ainda assim, essas mesmas avaliações defende, “não apagam erros de gestão por parte deste grupo”. 

Carlos Almeida acusa Ricardo Rio de lançar incertezas junto da população e de não defender a administração pública local

O vereador da CDU na Câmara Municipal de Braga critica as declarações de Ricardo Rio sobre a posição de defesa da continuidade do Grupo Mello Saúde na gestão do Hospital de Braga. O comunista condena Ricardo Rio por “lançar um clima  de incerteza e instabilidade com várias declarações quando devia estar preocupado, desde logo, com a gestão pública do hospital, a garantia do SNS e dos cuidados prestados aos utentes, mas também ter a certeza que o erário público não sai lesado. Aquilo que Ricardo Rio tem vindo a dizer é manifestar uma clara opção de que o Estado devia libertar cerca de 20 milhões de euros para cumprir com aquilo que são as aspiração de um grupo privado”, denuncia Carlos Almeida.