Será que a nossa gripe exige mesmo um antibiótico?

Chega o frio e com ele as constipações e as gripes. As salas de espera de hospitais e centros de saúde são ‘invadidas’ por gente de todas as faixas etárias. Tosse, dores de cabeça, expectoração, febre e dores musculares são os principais sintomas. A maior parte das vezes são vírus e não bactérias os culpados pelas constipações e gripes que nos deixam vários dias em baixo. Para a maior parte da população, a visita ao Hospital ou Centro de Saúde é feita na esperança de que o médico receite um antibiótico, aquela que é considerada uma das mais importantes descobertas da medicina, mas que pode muito bem tornar-se um inimigo para a nossa saúde.


Em Portugal, à semelhança da maioria dos países, a prescrição de antibióticos dispara durante o Outono e Inverno. Em entrevista à RUM, o responsável pela Unidade de Infecciologia do Hospital de Braga, Alexandre Carvalho defende que o paciente deve começar a ter um papel mais interventivo junto do médico: “Os antibióticos são umas drogas boas mas têm efeitos perversos, o seu abuso pode levar à habituação das bactérias ao fármaco e torná-los inúteis a curto prazo”. Reconhecendo que a consciencialização também tem de estar no médico, Alexandre Carvalho afirma que “o doente deve começar a ter um papel mais activo no seu próprio tratamento e se tiver dúvidas deve questionar o médico naquela hora, nomeadamente porque é que vai tomar o antibiótico e o que o médico espera”.

“Não é fácil distinguir entre uma infecção bacteriana e vírica e o médico, na dúvida, na tentativa de proteger o doente prescreve o antibiótico”, explica aquele responsável. O ideal seria o médico prescrever uma receita sem antibiótico e marcar uma consulta três dias depois para observar a evolução no tratamento, algo impossível com centros de saúde praticamente sobrelotados.

Os conselhos para quem tem indícios de gripe e constipação


Para quem está a passar por uma constipação ou gripe, até a paciência do doente pode ser determinante na cura. Nesta época do ano, os hospitais são ‘invadidos’ por pacientes de todas as faixas etárias afectados por gripes e constipações. Para a maioria, o antibiótico parece ser a solução preferida, mas os riscos associados ao uso desnecessário exigem uma mudança de comportamento. Alexandre Carvalho refere que o antipirético, anti-inflamatório e antitússico (medicação sintomática) devem fazer parte dos primeiros passos do doente ao longo de três a quatro dias. A estratégia seria “esperar três ou quatro dias: se não houver nenhum agravamento ou se houver uma melhoria, provavelmente a infecção é vírica e o antibiótico é nulo”, explica.

A Holanda segue um procedimento elogiado pelo responsável pela Unidade de Infecciologia do Hospital de Braga, mas que pode ser difícil de implementar, por enquanto, no nosso país. O médico prescreve o antibiótico, dá a receita e instrui o doente de que deve esperar dois a três dias. Se não melhorar, avia a receita.

“Ter paciência, porque o mais certo é ser uma infecção vírica e os antibióticos não fazem absolutamente nada. A procura pelo cuidado de saúde deveria ser retardada três a quatro dias”, avisa o médico. Conselhos que não se dirigem a pessoas que façam medicação que diminua a imunidade.


Já a classe médica, sensibilizada de há uns anos a esta parte, tem noção do perigo que existe no futuro em termos de emergência de resistência. Segundo Alexandre Carvalho, vários trabalhos já comprovam que a classe receita de forma mais controlada os antibióticos.

Vacinação, tossir para um lenço e lavar as mãos são alguns dos conselhos básicos de prevenção deixados pelo médico para que gripes e constipações possam ser evitadas.

Esta manhã o responsável pela Unidade de Infecciologia do Hospital de Braga passou pela Escola Profissional de Braga para uma palestra com cerca de cem jovens precisamente para alertar para esta questão, uma acção no âmbito da Semana Mundial dos Antibióticos.

Elsa Moura
Elsa Moura

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