Os alunos da UMinho passam muito tempo na sala de aula?

O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, admite que há cursos em que o trabalho presencial é excessivo, admite ser desejável uma redução das horas passadas em sala de aula, mas não do tempo dedicado à formação. A RUM quis saber a opinião do reitor da academia minhota e do presidente da AAUM, depois de divulgados os resultados de um inquérito a estudantes universitários em Portugal que mostram que são cada vez menos os trabalhadores-estudantes tendo em conta a dificuldade em conciliar aulas e trabalho.
O Inquérito às Condições Socioeconómicas dos Estudantes do Ensino Superior em Portugal revela que os alunos portugueses do ensino superior são os estudantes europeus com mais horas de aulas por semana.
Em média, têm 21 horas de aula, igual à Polónia, enquanto a média europeia é de 17 horas. Na Suécia têm 10 horas e na Noruega 13 horas.
Rui Vieira de Castro separa as questões. “Têm que ser analisadas caso a caso”, começa por alertar. Ainda assim, admite: “naturalmente que à medida que evoluem as condições de trabalho e que evolui a natureza do suporte da actividade de ensino e aprendizagem, é possível conciliar, como desejável, uma redução do trabalho presencial”. Mas deixa um aviso: “isto não deve significar desvalorização do trabalho e do tempo dedicado à formação”.
Redução de trabalho presencial exige aumento de trabalho autónomo, alerta Reitor da UMinho
Para o reitor da UMinho, se falarmos de redução do tempo em sala de aula falaremos também do aumento do trabalho autónomo. “Se em certos projectos faz reduzir o trabalho presencial, deve corresponder necessariamente depois num aumento do trabalho autónomo”, diz Rui Vieira de Castro que reconhece que “estamos a caminhar nesse sentido também porque as condições disponíveis para suportar os cursos o permitem”.
Quanto à redução do número de alunos com o estatuto de trabalhador-estudante, Rui Vieira de Castro admite que as fórmulas de ensino que a UMinho adopta nem sempre são as mais adequadas. “Isso acontece porque nem sempre as formas de organização de ensino que a universidade adopta são as mais adequadas. Há um trabalho que tem que ser feito, porque numa sociedade com as exigências que as sociedades contemporâneas hoje têm, o não regresso à universidade é penalizador para as pessoas e para a sociedade”, defende.
Nuno Reis sugere revisão do ensino universitário em Portugal
O presidente da Associação Académica da Universidade do Minho (AAUM) defende a importância de rever o método de ensino, e “perceber que o tempo útil de um estudante para o ensino podia, muitas vezes, ser reaproveitado para ter um tipo de ensino muito mais interactivo e de experienciação”, aludindo à ideia de que “cada vez mais é preciso reduzir o número de horas que os alunos passam dentro da sala de aula”.
Nuno Reis diz que os estudantes “passam demasiado tempo dentro das salas, em aulas muitas vezes teóricas de duas ou três horas com ensinamentos fundamentais mas que podiam resultar também em casa, a partir do youtube”, por exemplo.
O estudante corrobora a ideia de que o número de estudantes que também trabalha podia ser “bem maior se não tivessem de passar tantas horas dentro da sala de aula”, sugerindo a Portugal que olhe para os exemplos práticos de países europeus em que o ensino universitário é tido como referência para outras questões.
Com Liliana Oliveira/RUM
Áudio:
Rui Vieira de Castro e Nuno Reis em declarações à RUM
