Abel Ferreira: “primeiro formamos o Homem e depois o atleta”

Abel Fernando Moreira Ferreira, 39 anos, 384 jogos enquanto futebolista. O actual treinador do Sporting Clube de Braga (SCB) começou a carreira em 1997 e um dos valores que o acompanha “desde sempre é a gratidão”. No passado dia 13 de Fevereiro, Dia Mundial da Rádio (este ano dedicado ao Desporto), Abel Ferreira passou pela Maratona Radiofónica da RUM e recordou as duas décadas de carreira.

Ainda se lembra como se fosse ontem do primeiro jogo profissional que disputou, na altura com a camisola do Penafiel. Foi um jogo para a Taça de Portugal que colocou frente-a-frente o seu primeiro clube e Esperança de Lagos. “O campo estava absolutamente impraticável, estava todo enlameado, mas foi uma experiência única que nunca esquecerei e que marcou o início da minha carreira no futebol”.

Neste exercício de memória proposto pela RUM, Abel Ferreira frisou que tem “muito respeito” por todos aqueles que o ajudaram a crescer enquanto jogador e ser humano, “sobretudo as pessoas mais velhas, com os cabelos brancos” que o ensinaram que “o tempo passa a voar e devemos aproveitar cada momento da nossa vida com a máxima intensidade”.

20 anos depois do início desta viagem, o treinador do SCB fez questão de lembrar as pessoas que marcaram o seu percurso, como é o caso de Rui Quintas, que o recebeu no Futebol Clube de Penafiel nas camadas de formação. “Foi nessa altura que ouvi uma frase que já mais esquecerei e que me acompanha desde sempre: primeiro formamos o Homem e só depois o atleta”.

Mas nesta “linha da vida”, Abel Ferreira não esquece nenhum dos colegas e treinadores que o marcaram e o ajudaram a crescer “enquanto Homem e jogador”.

Uma “paixão” para a vida

O desporto, desde cedo, entrou na vida de Abel Ferreira. Desde miúdo experimentou diversas modalidades, mas sempre sentiu que “faltava alguma coisa”. Do Basquetebol, passando até mesmo pelo atletismo, o actual treinador do SCB sempre foi um apaixonado por desporto. É então que chega às captações do Futebol Clube de Penafiel e a sua vida muda.

Do clube da sua terra-natal passa pelo Vitória Sport Clube (VSC), eterno rival da equipa que agora comanda. Ainda assim, Abel Ferreira garante que “os dois clubes precisam muito mais um do outro do que os adeptos podem pensar”. “É esta boa competição que nos faz sentir vivos e que nos faz sempre querer derrotar o adversário e, por isso, sinto que há muito mais que os une do que os separa”, disse.

“Viver sempre ao máximo”

Abel Ferreira não se fica pelas palavras. Afinal de contas, sempre viveu “ao máximo”. Enquanto jogador concluiu a sua licenciatura em Educação Física e tirou o curso de treinador. Sempre um passo à frente, nunca deixou de preparar o seu futuro e de incluir o futebol nos planos a longo prazo. “Entendi que quanto melhor eu percebesse o treinador, melhor jogador conseguiria ser”, afirmou. Com 39 anos, “sempre acreditei que jogaria até aos 40 anos”.

A vida trocou-lhe as voltas, em Maio de 2011, quando rompe os ligamentos do joelho. Aos 31 anos, no Sporting, ficou em recuperação cerca de 10 meses. Com o contrato a chegar ao fim, em Janeiro de 2012, é convidado para ser treinador adjunto da equipa de júniores. Ao segundo convite, tudo mudou. Num piscar de olhos, assume o comando da equipa de juniores e no primeiro ano sagra-se campeão. Desde então, como se costuma dizer, “o resto é história”.

Uma história que trouxe Abel Ferreira até à cidade dos arcebispos, onde já treinou a equipa B. Desde 26 de Abril de 2017 orienta a equipa principal, mas garante que continua a ter os mesmos princípios de sempre. “Uma das minhas missões é ser feliz e fazer felizes as pessoas que trabalham comigo”, disse.

Para o treinador do SCB, é fundamental que os adeptos também se revejam nos seus valores. “Sei que, enquanto treinador, o foco está mais direcionado para mim. Ainda assim, continuarei sempre a dar o melhor de mim porque estou consciente da importância do cargo que ocupo”, afirmou. Abel Ferreira sente, todos os dias, o carinho dos adeptos pelo clube: “são incondicionalmente apaixonados pelo clube e pela estrutura”.

O amor à família e ao futebol

Falando em paixões, Abel Ferreira não esquece “o apoio incondicional” da família que, ainda assim, “sofre as consequências” de toda a dedicação ao clube. “A minha paixão é o futebol, não consigo viver sem isto, é a minha gasolina e o que me faz continuar a sonhar”, afirmou.

Fora do estádio, Abel Ferreira ainda “faz o gosto” à chuteira duas vezes por semana, sempre às terças-feiras e às sextas-feiras. “O meu corpo já não acompanha o meu cérebro. O pensamento está lá, mas a execução já não é a mesma”, remata. Os anos passam, o corpo ressente-se, mas “a paixão é a mesma”, que não restem dúvidas.

Seja dentro ou fora das quatro linhas, enquanto treinador ou jogador a “part-time”, Abel Ferreira será sempre um eterno inconformado porque “o melhor ainda está por vir”. À RUM lembrou que “a vida é feita de perguntas” e que é esse curiosidade que nos torna em seres humanos perfeitamente capazes de enfrentar os obstáculos que vão surgindo ao longo dos anos. O mote será sempre o mesmo: “vivam sempre com grande intensidade e com grande paixão”.

Áudio:

Abel Ferreira, treinador do SCB, falou sobre o seu lema de vida que o acampanha desde os tempos de jogador

Pedro Andrade
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