“A Morte” em debate na cidade que viu nascer Portugal

“A morte é a curva da estrada” de um caminho que nunca ninguém perde. Já dizia Fernando Pessoa. A morte é, de resto,  a única certeza que temos e é dela que se vai falar, precisamente, na cidade onde nasceu Portugal.

O berço da nação vai reunir humoristas, jornalistas, militares, psicólogos e sacerdotes para falar de morte, no primeiro Congresso Internacional “A Morte: Leituras da Humana Condição”.

Organizado pelo Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo & Globalização, a actividade vai realizar-se no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, de 21 a 24 de Fevereiro.

“Os responsáveis do instituto entenderam que faria sentido organizar um congresso numa perspectiva multidimensional e multidisciplinar”. Começou por dizer Paulo Alves, presidente da comissão científica, que adiantou ainda, na conferência de imprensa que se realizou esta segunda-feira no Museu Alberto Sampaio, que os convidados chegam de “três continentes e cinco países”. Com diferentes perspectivas sobre o tema, entre os convidados vão contar-se psicólogos que vão abordar “as implicações e impacto ao nível do ciclo do luto”, arquitectos, que falarão na perspectiva da “organização urbana dos cemitérios”, e ainda teólogos e sacerdotes, sendo que o tema vai ser aprofundado pelas visões de diferentes religiões.

Ricardo Araújo Pereira e José Alberto Carvalho vão falar de morte em Guimarães

Ricardo Araújo Pereira e José Alberto Carvalho são dois dos oradores convidados e deslocam-se a Guimarães para dar diferentes perspectivas sobre o tema. “O que dizem os jornalistas e como comunicam a morte? O que dizem os humoristas? A morte não é propriedade exclusiva de nenhum domínio. É transversal, está em todas as culturas, religiões, profissões”, apontou Paulo Alves.

Entre as 140 comunicações, o congresso vai contar também com a participação de um “tenente coronel do exército para falar da fronteira que, muitas vezes, os militares na Republica Democrática do Congo, Iraque ou Afeganistão enfrentam”. Além disso, ouvir-se-á ainda um “tenente coronel que é psicólogo, ligado à GNR e PSP, que nos vai trazer o tema do suicídio das forças de segurança”.

Entre outros, vão estar presentes Sofia Reimão, Luciano Manicardi, Annabela Rita, José Carlos Seabra Pereira, Noa Carballa Rivas, Vitória Cava, Rodrigo Almeida e Sousa, Jorge Bacelar Gouveia, Tiago Cavaco, Marco Daniel Duarte, Filipe Fontes, António Maia Gonçalves, Micaela Ramon, Alberto Mendes e Vítor Kajibanga.

Guimarães “é uma cidade que tem tudo”

A escolha da cidade berço para acolher este primeiro congresso internacional não foi ao acaso.

“Reconhecemos que Guimarães tem tido ao longo destes últimos anos uma grande aposta na cultura e de facto era este reconhecimento esta valorização que a Câmara de Guimarães tem vindo a fazer. Simbolicamente, dada a própria origem da nossa nacionalidade fazia todo o sentido. Nascemos aqui e é uma cidade que tem tudo”, justificou Eugénia Magalhães, presidente da comissão organizadora.

Adelina Pinto espera que este congresso traga mais visibilidade à cidade, que “gostem de Guimarães e que se produza conhecimento”.

Tema continua a ser debatido em actividades depois do congresso

 

A morte continua a ser o mote para as iniciativas que se vão realizar, depois do congresso, em alguns espaços-chave da cultura vimaranense. A 21 de Fevereiro, a noite é dedicada ao cinema, com a visualização do filme “Wit”, seguido de um debate. No dia seguinte, há concerto com João Gil, Luís Represas e Manuel Rebelo. No sábado, decorre a gravação de um programa de rádio “E Deus Criou o Mundo”, com representantes das três religiões monoteístas: católica, muçulmana e judia.

A Câmara de Guimarães tem ainda preparados diferentes programas culturais. “No dia 24 vamos terminar, aproveitando a presença de muita gente de fora e mostrar aquilo que Guimarães tem”, desde uma visita patrimonial ao centro histórico, um programa mais arquitetónico e mais relacionado com os cemitérios e outro mais ambiental”.

O congresso “A Morte: Leituras da Humana Condição” é aberto a toda a população, carecendo de inscrição no site congressointernacionalmorte.pt. Há descontos para estudantes.

Ricardo Araújo Pereira dá início aos trabalhos, pelas 15.30 do dia 21 de fevereiro.

Áudio:

Paulo Alves, presidente da comissão científica, e Adelina Pinto, vice-presidente da Câmara de Guimarães, adiantam detalhes sobre o congresso

Liliana Oliveira
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