Altino Bessa diz que eventos como a Braga Music Week “expulsam residentes” do centro histórico

O vereador do turismo em Braga diz que eventos como a Braga Music Week são responsáveis por “expulsar residentes do centro histórico para a periferia”.

Altino Bessa falou do assunto esta manhã, em reunião de câmara, após ter sido interpelado por Carlos Almeida, vereador da CDU, sobre a controvérsia na realização de concertos em algumas das ruas do centro histórico da cidade no âmbito do evento Braga Music Week, iniciativa musical que percorre vários espaços e que decorreu na última semana e meia em Braga.


A polémica instalou-se quando, no passado Sábado, a organização da Braga Music Week foi obrigada a alterar o local de uma das iniciativas do evento, o Naamobile – que consiste em concertos itinerantes -, do centro para um espaço fechado, após não ter conseguido obter a licença de ruído além da meia-noite pela parte do município, o que limitou a realização dos concertos.


Na página oficial de Facebook, a organização referiu que “não foram emitidas as necessárias licenças para os concertos” e acusou o município, parceiro oficial do evento desde 2013, “de erros graves suscetíveis de colocar em causa o bom nome de todos os agentes envolvidos“, completando que o evento “não obteve, desta vez, o respeito merecido”.


Esta manhã, o vereador da CDU decidiu trazer o assunto à reunião de câmara, questionando a autarquia sobre quais os critérios que estiveram na origem da decisão, entendendo que a posição do executivo “pode ter posto em causa o trabalho muito meritório dos agentes culturais que merecem não só o patrocínio mas também o cuidado pela parte do munícipio”.

Altino Bessa, vereador do turismo, foi o eleito para falar sobre a questão e começou por referir que “a licença de ruído foi emitida, salvo erro, no dia 25 de Setembro”, documento que, desde essa altura, delimitava o limite de ruído “até à meia-noite”. A partir daqui, o autarca deixou várias críticas à organização, acusando-a de realizar partes do evento no centro histórico porque “o local, só por si, já tem gente”.

O autarca sugeriu depois aos responsáveis da Braga Music Week a descentralização futura do evento, ao referir que “a cidade é grande e há muitos espaços onde se podem fazer iniciativas”, dando como exemplo a posição do município, que realizou eventos recentes “no Parque da Ponte, no Campo das Hortas ou no Museu dos Biscainhos”. “Quem quer organizar coisas também tem de pensar na descentralização, e tornar o evento atractivo para um determinado tipo de pessoas e não ir para um local onde já há público”, atirou.

Altino Bessa não se ficou por aqui e entendeu que “os fenómenos de expulsar os residentes do centro histórico para a periferia acontecem” por eventos como a Braga Music Week, acrescentando que a autarquia não quer “uma cidade que não tenha residentes”.

“Queremos uma cidade com residentes e com população e que não seja só para turistas e comerciantes”, completou.

Organização acusa Altino Bessa de mentir e fala em critérios duvidosos

A organização do Braga Music Week acusa Altino Bessa de mentir e diz que os critérios da câmara são duvidosos quanto à escolha de eventos no centro histórico.


Em declarações à RUM, João Pereira, co-organizador do evento, refere que, ao contrário do apontado pelo autarca, as licenças de emissão de ruído só foram obtidas no passado dia 4, penúltimo dia do certame. O responsável, que assinalou ainda o facto de as licenças estarem assinadas pelo presidente da câmara Ricardo Rio e não por Altino Bessa, deixou ainda a nota de que o município “já conhecia atempadamente, em reuniões passadas, o programa” da Braga Music Week, lembrando que o evento acontece já desde 2013 e nos mesmos moldes. 


João Pereira acusa ainda Altino Bessa “de falta de respeito” por “brincar com o trabalho de várias pessoas que fazem algo pela Cultura da cidade”, referindo ainda que o município, organismo que apoia o evento, “atrapalhou” a realização da edição deste ano da Braga Music Week.


O co-organizador  entende finalmente que “são duvidosos os critérios que proíbem a Braga Music Week de realizar concertos na rua” quando o município “dá luz verde a eventos que passam para lá da meia-noite”.

Pedro Magalhães
Pedro Magalhães

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