Amarante enche-se de Mimo

A Cultura enche por estes dias as ruas de Amarante. Nas margens do Tâmega, a cidade recebe, entre esta sexta-feira e domingo, o Mimo, festival que atravessou o Atlântico em 2016, ano em que saiu do Brasil para o norte de Portugal.
“O Mimo já foi abraçado pela comunidade portuguesa com muita força, é até surpreendente”. Quem o diz é Lu Araújo, directora e principal mentora do Mimo. O festival, ao contrário dos cânones, dispensa a construção de um recinto e toda a logística inerente: antes, serve-se da cidade para criar o seu próprio espaço. “A cidade é o cenário. É aqui que tudo acontece, em milhões de espaços em simultâneo”, descreve.
Espaços como as Igrejas de São Pedro e São Gonçalo, o Museu Amadeo de Souza-Cardoso, o Parque Ribeirinho e o Centro Cultural de Amarante que recebem, pelo quarto ano consecutivo, um vasto programa. São 20 concertos, seis sessões de cinema, 10 sessões em programa educativo – que inclui workshops e masterclasses -, fóruns, poesia e uma exposição.
A música, a arte mais popular, tem como protagonistas internacionais nomes como Salif Keita, Criolo, Rubel, Bixiga 70 ou Mayra Andrade. A representar Portugal, chegam Stereossauro (com Camané e Capicua), Samuel Úria ou Dj Ride.
A maioria dos artistas que compõe o cartaz apresenta no seu repertório uma forte tradição dos géneros africanos, desde o jazz ao afro pop. “É uma coincidência mas a cada ano queremos ter uma textura sonora, uma obra que se modela a ela própria”.
Os artistas não se reservam apenas aos espectáculos: são eles os protagonistas do programa educativo e do fórum de ideias, dois elementos do Mimo que dão ao público a possibilidade de usufruírem de debates, workshops e masterclasses pela voz de quem sobe ao palco. “No Mimo, um artista não faz só uma coisa: queremos fazer com que os artistas possam mostrar outras facetas da sua carreira e da sua vida; o Mimo não é só um evento cultural mas também de cidadania”, explica Lu Araújo.
O cinema é também parte integrante do Mimo. O destaque no programa – que inclui seis filmes – vai para a estreia nacional de Onde está você, João Gilberto?, um documentário sobre o recém-falecido músico brasileiro.
Além da sétima arte, o certame apresenta, à semelhança do ano passado, uma exposição, patente no Museu Amadeo de Souza-Cardozo, intitulada “Abstracção. Arte Partilhada” da Colecção Millenium BCP, e que inclui obras de alguns dos maiores artistas portugueses, casos de Paula Rego ou Mário Cesariny.
Um vasto programa cultural pensado do Brasil para Portugal, sob um único desígnio, o de criar um público fiel. “A felicidade é saber que as pessoas querem voltar”, enfatiza Lu Araújo, assegurando, em bom português do Brasil, “que tão cedo a gente não sai daqui”.
A entrada para os eventos é gratuita (alguns limitados à lotação e à necessidade de inscrição) e toda a programação do Mimo pode ser consultada aqui.
A programação completa dos concertos:
SEXTA | 26 DE JULHO
– Museu Amadeo de Souza-Cardoso
19h: Lívia Nestrovski & Fred Ferreira (Brasil)
– Parque Ribeirinho
20h: Miramar Musica – Frankie Chavez & Peixe
21h30: Bixiga 70 (Brasil)
23h: 47soul السبعة و أربعين (Palestina)
00h30: Salif Keita (Mali)
2h: DJ Montano (Brasil)
SÁBADO | 27 DE JULHO
– Igreja de São Pedro
17h: Ana de Oliveira e Sergio Ferraz (Brasil)
– Museu Amadeo de Souza-Cardoso
18h30: Delia Fischer (Brasil)
– Igreja de São Gonçalo
21h: Stefano Bollani & Hamilton de Holanda (Itália/Brasil)
– Parque Ribeirinho
20h: PRÉMIO MIMO DE MÚSICA
21h30: Samuel Úria
23h: Seun Anikulapo Kuti & Egypt 80 (Nigéria)
00h30: Criolo (Brasil)
2h: Dj Ride
DOMINGO | 28 DE JULHO
– Igreja de São Gonçalo
16h: Orquestra do Norte
– Museu Amadeo de Souza-Cardoso
17h30: Fortuna (Brasil)
19h: Violons Barbares (Mongólia/Bulgária/França)
– Parque Ribeirinho
20h: Stereossauro com “Bairro da Ponte” convida Camané – Página oficial e Capicua
21h30: Rubel (Brasil)
23h: Mayra Andrade (Cabo Verde)
