Aposta no turismo e na cultura é desequilibrada

Maria de Lurdes Rufino, directora do Mosteiro de Tibães, considera que o país tem apostado no turismo sem valorizar da melhor forma a cultura, que acaba por ser um complemento para quem nos visita. Em entrevista ao programa Campus Verbal esta terça-feira à noite, a responsável apontou que “a importância que o país dá ao turismo não se repercute na relação que o turismo tem com o seu património, com a dimensão cultural do país”.
Apesar de considerar que nos discursos e no entendimento geral “todos estão de acordo” de que é “importantíssimo ter um país culturalmente rico, com um património extremamente bem cuidado, bem interpretado e bem estudado para ter qualidade de oferta e para ter mais e melhores turistas”, a responsável lamenta que este entendimento não resulte “numa relação prática de cuidar do património”, atirando que a importância “passa também pelos orçamentos”.
A directora do Mosteiro de Tibães defende ainda a capacidade de um orçamento próprio dos museus, tal como já aconteceu no passado. “Teríamos enormes vantagens em podermos planear e programar a actividade do museu a longo prazo”, disse, lembrando também a necessidade e importância de ter um quadro de recursos humanos completo, que está longe de acontecer no momento actual. No Mosteiro de Tibães trabalham treze pessoas, mas seriam necessárias, pelo menos 25.
Com o aproximar das eleições legislativas são habituais as visitas políticas dos diferentes partidos. Maria de Lurdes Rufino reconhece a importância desta auscultação por parte das forças políticas, mas lamenta que a validação destes interesses, através de respostas concretas, fique depois aquém das expectativas.
Áudio:
Maria de Lurdes Rufino
