Artur Feio diz que Miguel Bandeira “só tem que se demitir”

Artur Feio voltou a pedir a demissão de Miguel Bandeira, esta terça-feira. Já o tinha feito aquando da polémica em torno da instalação de uma superfície comercial na Quinta das Portas.
Hoje, e pela primeira vez, o vereador do Património não alinhou com a maioria e votou contra o Pedido de Informação Prévia (PIP) para a construção de um hotel de luxo nos edifícios contíguos ao Recolhimento das Convertidas.
Uma posição criticada e incompreendida pelos socialistas. Para Artur Feio, o vereador do Património “tem dificuldade em decidir”.
“Tendo incapacidade em tomar decisões daqueles que lhe confiaram o voto, não tem condições para continuar, só tem que se demitir”, disse o vereador do PS.
Para Feio, trata-se do “arrastar de uma situação de um vereador que tem tido um conjunto de dificuldades em dossiers muito sensíveis”. “Creio que hoje foi visível que criou algum constrangimento no próprio executivo”, acrescentou.
Apesar de ter contado com um voto contra dentro da maioria, Ricardo Rio refere que é “um exagero” pedir a demissão do professor universitário. “É normal dentro de uma equipa e da maioria haver opiniões divergentes. A vereadora Lídia Dias não queria que vendêssemos a Confiança, Altino Bessa não queria que fosse feito o ginásio junto ao Retail. Há inúmeros episódios em que nem todos estamos de acordo mas não é por causa disso que os vereadores se tem que demitir ou por em causa o desempenho que têm tido nas respectivas áreas de competência”, acrescentou. Ainda assim, nos casos referidos, os vereadores da coligação nunca votaram contra.
“Tomei a posição que, em consciência, tinha que tomar”
Ora o outro vereador da oposição, Carlos Almeida (CDU), acha “prudente e saudável” a posição de Miguel Bandeira, mas considera que o vereador do Património devia ter exigido mais estudos para garantir a protecção do monumento. “Fiquei satisfeito com o teor do despacho que vai no sentido da ponderação e avaliação dos riscos para o Convento das Convertidas. Pena é que não tenha exercido aquelas que são de facto as suas competências, já que tutela o Património, o Urbanismo e Planeamento, teria todas as condições, para exigir todos os estudos necessários para garantir a protecção do monumento”, justificou.
Em declarações aos jornalistas, Miguel Bandeira relembrou ser um “vereador independente”. “Eu tomei a posição que, em consciência, tinha que tomar e como democrata que sou acato a deliberação da maioria”, afirmou. Bandeira garante ainda que “o presidente esteve sempre a par do evoluir do processo, dentro de um princípio de colaboração e de diversidade, que desde logo traduz a existência de uma coligação”.
Áudio:
Artur Feio, vereador do PS, Carlos Almeida, do PCP, Ricardo Rio, presidente da Câmara, e Miguel Bandeira, vereador do Património
