Associações juvenis de 6 países querem combater desemprego jovem

Durante dois anos, cerca de 70 elementos de associações juvenis de seis países, da Europa e da Ásia, partilharam experiências e ideias a propósito de empreendedorismo social.

Mobilidade, formação, intercâmbio e voluntariado foram as palavras de ordem para os jovens que desde Setembro de 2017 pensaram e recriaram ideias de negócio, através de uma rede que pretende, sobretudo, combater o desemprego juvenil.

O projecto “Youth Network for Social Entrepreneurship” envolve associação juvenil Synergia, e a Associação Cultural Euroaccion (Espanha), Scambieuripei (Itália), Alter Ego (Grécia), FSL Índia (Índia) e Lei Global (Indonésia).

“Encontrar soluções criativas e dar-lhes ferrametas” foram os objectivos centrais de um projecto que agora chega ao fim. Um dos objectivos alcançados foi a criaçao de Academias da Juventude nas associações dos seis países, que permitiram “partilhar recursos, conhecimento e facilitar a mobilidade”, ou seja, “se um jovem cria um negócio pode ter portas abertas para o levar para os diferentes países”, explicou Mariana Delgado, coordenadora do projecto na Synergia.

Ambiente, apoio a vítimas de violência doméstica e integração de refugiados dão mote a projectos 

De cada país resultou um projecto, que esperam agora desenvolver.

Em Portugal, o projecto pensado chama-se “Reavivar Tradições” e envolve o convívio intergeracional. O objectivo é juntar, uma vez por semana, “jovens e idosos, estes trazem as tradições e os jovens trazem a tecnologia”.

Por exemplo, na Indonésia a ideia está relacionada com a reciclagem e a criação de produtos através de materiais reciclados. “Temos o exemplo das colheres de madeira, que eles querem perceber como é que podem começar a fazer exportação para a Europa”, contou Mariana.

De Itália, a ideia está relacionada com o ambiente. Em Nápoles, há um “parque verde que está em destruição”. “A ideia é terem voluntários que façam a reabilitação urbana do parque e criar empregos para os refugiados, na gestão do parque”, detalhou a coordenadora.

O projecto espanhol está relacionado com o apoio a vítimas de violência doméstica, sendo objectivo “dar cursos de costura às vítimas e dar-lhes também as ferramentas para abrir um espaço de coworking, para elas criarem as suas marcas e o dinheiro das vendas ser dividido por elas e para o espaço”.

Adriano Meireles ajudou jovens da Indonésia a potenciar as suas ideias de negócio

Entre jovens estrangeiros que estiveram em Portugal e portugueses que foram para os restante cinco países que o projecto acolhe, encontramos Adriano Meireles, um dos voluntários que foi para a Indonesia, durante seis meses.

Por lá, Adriano promoveu “workshops para crianças e palestras para empresas e associações não governamentais, que tratavam da problemática do plástico”. “Por exemplo, os lençóis do hotel eram reconvertidos em bandanas, cujo dinheiro era para a reflorestação. Os jovens sentiam-se inspirados e descobriam outra maneira de actuar”, contou o jovem.

Com formação em Design de Produto, Adriano ajudou ainda algumas jovens empreededoras do país “a desenvolver a imagem gráfica e tácticas de promoção do produto”.

Objectivo passa por criar empregos efectivos

“A ideia seria que todos terminassem com uma empresa criada, mas não seria fácil de concretizar”, explicou a coordenadora. Por isso, o objectivo agora é profissionalizar e criar emprego para os jovens, e combater o desemprego junto das faixas etárias mais jovens.

Por enquanto, garante Mariana Delgado, os objectivos foram atingidos. “Foi possível pô-los

a pensar no que está mal nos seus país, como serem agentes de mudança, do financiamento para este tipo de projectos”, afirmou a coordenadora.

Os resultados, que passam também pela criação de um manual com todo o conhecimento adquirido sobre empreendedorismo social e de uma plataforma digital, foram hoje apresentados, em Braga, pela associação Synergia. No futuro a expectativa é conseguir aprovação de uma candidatura a um novo projecto mas dedicado ao empreendedorismo ambiental, no sentido de apostar em ideias que usem o lixo para a criação de novos negócios.