Fagos encontrados em esgotos podem vir a substituir antibióticos

E se a resposta às infecções crónicas causadas por bactérias resistentes a antibióticos estivesse “escondida” nas Estações de Tratamento de Águas Residuais e em esgotos? O Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho (CEB) está a desenvolver uma nova forma de tratar infecções graves e resistentes a antibióticos. A solução está na utilização de bacteriófagos, vírus que são capazes de matar e inibir o desenvolvimento de bactérias. Trata-se de uma terapia que neste momento não está autorizada em Portugal, mas já é utilizada em países como a Bélgica, França e Holanda. 


Portugal é o 4º país da Europa com as mais altas taxas de mortalidade por infecções crónicas. Só em 2015 faleceram 1.158 pessoas. 


Joana Azeredo é a investigadora convidada desta noite no programa UM I&D. Aos microfones da Universitária, a investigadora revela que os bacteriófagos, fagos, “são vírus que parasitam e infectam especificamente bactérias com o seu material genético. Esse material acaba por codificar a produção de novas partículas virais que vão rebentar as células bacterianas”. Este é o funcionamento da terapia fágica. 


Estes vírus só actuam sobre bactérias e são, por essa razão, inofensivos. No fundo os bacteriófagos são agentes “antimicrobianos” que podem vir a ser uma alternativa ou complemento ao uso dos antibióticos. Joana Azeredo sublinha que esta terapia pode ser um mecanismo eficaz para “revitalizar o uso dos antibióticos” que é, segundo a investigadora, uma “arma fantástica que foi mal utilizada”. 

No entanto a terapia fágica é uma terapia “personalizada” em que há um bacteriófago específico para um doente e para uma infecção. Este é, portanto, um dos factores que faz com que o tratamento ainda não esteja disponível no nosso país. Joana Azeredo refere outro aspecto fulcral, “o enquadramento legal”. 

Neste momento o CEB conta com uma biblioteca com milhões de fagos identificados. A meta do centro passa por desenvolver um novo tipo de fagos sintéticos, manipulados geneticamente, e assim melhorar as suas propriedades no combate a doenças crónicas. Os fagos serão testados in vivo para depois poderem ser utilizados na chamada terapia fágica. Recorde-se que o CEB recebeu 175 mil euros da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) para desenvolver o estudo nos próximos três anos. 


Fagos específicos para tratar doenças crónicas respiratórias, feridas crónicas e infecções urinárias, no fundo infecções “persistentes que são melhoradas com o uso de antibióticos”. 

Contudo, esta terapia não é 100% eficaz. Um dos pontos fracos dos bacteriófagos está no facto das bactérias conseguirem desenvolver mecanismos de resistência aos mesmos. “A sua actuação acaba por ser limitada no tempo”, refere. 

Vanessa Batista
Vanessa Batista

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