Bandeira recolheu “algumas centenas de assinaturas” em Braga

Quem passou, na manhã desta quinta-feira, no centro da cidade de Braga não ficou indiferente à bandeira nacional com os números 9,4 e 2 pintados a amarelos. Mais uma vez, os professores sairam à rua e manifestaram a sua insatisafação. Em causa continuam os nove anos, quatro meses e dois dias de trabalhos por descongelar. O Governo parece não ceder, e os professores parecem não desistir. 

A iniciativa da Federação Nacional de Educação vai levar a bandeira a 18 capitais de distrito, para que todos aqueles que se associam à luta dos docentes possam assinar em sinal de protesto a bandeira. 

Em Braga, até ao meio-dia, cerca de “duas centenas” de pessoas já a tinham assinado.

António Jorge Pinto, presidente da distrital de Braga do Sindicato dos Professores da Zona Norte, tinha como objectivo recolher pelo menos “700 assinaturas”, mas faz um balanço positivo do interesse dos bracarenses na causa.

À RUM confidenciou que as pessoas “percebem as reivindicações” dos docentes”. “Não temos reacções negativas”, garantiu.

Além da bandeira, os professores entregaram panfletos aos bracarenses para que todos estejam a par da sua luta.

“O panfleto diz que não abdicamos dos 9 anos, 4 meses e 2 dias e que a única coisa que queremos é discutir com o Ministério da Educação a forma e o prazo como esse tempo é devolvido”, começou por explicar António Jorge Pinto.

O presidente da distrital de Braga do Sindicato dos Professores da Zona Norte afirmou viver num “país a duas velocidades”, onde “as regiões autónomas já têm os nove anos, quatro meses e dois dias e o continente não tem”. “Somos tão professores como eles”, apontou.

No documento lia-se ainda que os professores têm “reunido com os grupos parlamentares” e que vão “continuar a reunir” e dizem também “que o Presidente da República vetou o famoso projecto que daria, aproximadamente, dois anos e meio”, detalhou.

“Acho que daqui a 10/15 anos não vão haver professores”

Adão Gomes Pereira foi professor durante 33 anos e foi um dos bracarenses que durante a manhã deixou a sua marca na bandeira, por considerar que “o trabalho deve ser devidamente reconhecido”.

“Falta de vontade ao Governo, que tem executado um papel que para mim é de mentira. Não querem reconhecer a verdade”, apontou o professor aposentado.

Cândida Castilho ainda está no activo. A docente elogia a iniciativa da FNE, por considerar necessário “chamar a atenção”.

“Acho que a sociedade portuguesa não está a ver muito bem o que se está a passar. Acho que daqui a 10/15 anos não vão haver professores. A maior parte dos professores está com idades à volta dos 50 anos e o que vai suceder daqui a uns anos é que vão querer ter professores e não vão ter ou vão ter que lhes pagar muito bem , que é coisa que agora não fazem, ao contrário do que se diz”, apontou.

Professora há 31 anos, Cândida diz-se “desencantada” com a profissão e já perdeu a esperança de chegar ao topo da carreira.

“A maior parte dos professores nunca vai chegar ao topo da carreira. Estou no 6.º há 13 anos e vou ficar eternamente. E, mesmo que possamos recuperar o tempo, muitos de nós já não chegarão ao 10.º escalão, porque já não há tempo útil”, afirmou.

A bandeira que hoje esteve em Braga segue agora para outras capitais de distrito para no dia 8 de Fevereiro ser colocada em frente à Residência Oficial do Primeiro-Ministro, em São Bento.

Em Braga somaram-se algumas centenas de assinaturas. 

Áudio:

António Jorge Pinto, sindicato dos professores da zona norte, Adão Gomes Pereira, professor aposentado, e Cândida Castilho, professora, a propósito da inicitiva da FNE

Liliana Oliveira
Liliana Oliveira

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