BE defende aumento até 3% no financiamento do ensino superior

A coordenadora do Bloco de Esquerda defende, em entrevista exclusiva à Universitária, a necessidade de aumentar “até 3%” o investimento do Orçamento de Estado no ensino superior e na ciência . Uma solução pensada pelo bloco para que as universidades “não percam” com o fim das propinas.
Catarina Martins recorda que nos anos 90 as propinas não representavam um grande esforço da parte das famílias, situação distinta dos dias que correm. Para defender a sua premissa, a bloquista recorre ao exemplo da Alemanha onde “não há propinas, pois querem ter uma população qualificada. Nós também queremos”, afirma.
Para o Bloco de Esquerda, o facto dos jovens ambicionarem uma maior especialização não pode estar dependente do esforço ou dos rendimentos das famílias e muito menos ser sinónimo de “dívidas bancárias”.
Em entrevista à RUM, Catarina Martins falou também sobre a problemática do alojamento. A bloquista não tem dúvidas que “não existem residências suficientes”, por isso será necessário numa primeira fase “mais investimento para o arranque dos espaços”, mas posteriormente um menor investimento para a sua manutenção. Acrescentando que “o país tem disponibilidade” para construir essas residências, no entanto, “não há vontade de avançar”.
Com lema eleitoral “Faz Acontecer”, a coordenadora do bloco desafiou os jovens a “mobilizarem-se” como tem vindo a acontecer com o tema das alterações climáticas.
“A organização dos estudantes não pode ficar limitada à organização de festivais para as cervejeiras. Nós achamos que os estudantes deste país têm opinião e capacidade, mas faltam modelos de organização para lhes dar voz dentro das universidades”, defende Catarina Martins.
“Para aumentar o financiamento as instituições têm de garantir condições de qualificação para toda a população”.
Este é o caminho certo para o Bloco de Esquerda, ou seja, as instituições de ensino superior não podem contar com “vínculos precários e devem ter capacidade de disponibilizar acção social escolar”, pois só desta forma é possível “qualificar todo o país e não apenas as elites”.
“É preciso acabar com os preconceitos com os politécnicos”.
Uma das propostas do bloco para os próximos quatro anos tem como foco os politécnicos, mais concretamente a criação de doutoramentos. Uma necessidade clara, uma vez que existem cursos do politécnico que não têm respostas nas universidades. Catarina Martins defende ser “absurdo” a existência de alunos de politécnicos com investigações premiadas a nível internacional porém, não continuarem o seu percurso.
