“BE foi um dos frutos mais interessantes do pós 25 de Abril”

O Bloco de Esquerda assinala esta quinta-feira vinte anos desde a sua fundação. Pedro Soares, deputado eleito por Braga pela primeira vez em 2009,  fez à RUM um balanço, recordando o crescimento do partido e a introdução de temas fracturantes.

Pedro Soares é o deputado do BE mais a norte do país representado na Assembleia da República. Foi também ele que em 2009 tomou o lugar, pela primeira vez, enquanto eleito pelo distrito de Braga. Nas legislativas seguintes, Braga voltou a ficar sem representação parlamentar na ala bloquista voltando a ser eleito nas legislativas de 2015.

Em declarações à Universitária, Pedro Soares reconhece que vinte anos depois “é possível considerar que o Bloco de Esquerda foi um dos frutos mais interessantes do pós 25 de Abril na esquerda portuguesa”. O deputado recorda que há vinte anos se assistia na Europa “a uma afirmação muito forte das correntes neoliberais, ao mesmo tempo que havia um recuo da social democracia e começou a criar-se um espaço alternativo que o BE conseguiu ocupar, apesar de todas as dificuldades”. Um lugar que, diz Pedro Soares, o BE soube ocupar “com êxito porque ganhou popularidade, influência, capacidade de decisão e de atracção de vontades e conseguiu introduzir na agenda política temáticas que até então eram praticamente tabu. O BE é conhecido também por isso”, frisa.

Em 2000 falava-se muito no novo partido “que introduzia causas fracturantes, mas que hoje em dia toda a gente percebe que são causas absolutamente essenciais e centrais da nossa vida”, defende.

O deputado eleito por Braga recorda o caso da despenalização dos toxicodependentes e do facto de “se passar a encarar a toxicodependência como uma doença, com a necessidade do apoio do SNS”, mas também “as questões relativas à interrupção voluntária da gravidez” e o problema da reforma fiscal “exigindo uma fiscalidade mais equilibrada”. Por isso, Pedro Soares diz que estas questões permitiram a afirmação do BE enquanto força política.

Temas fracturantes do BE tiveram impacto particular em Braga


Com a chamada à discussão de temas fracturantes, o BE fez também o seu caminho no distrito de Braga, com destaque para a cidade dos arcebispos. Uma cidade considerada mais conservadora, também por força da Igreja. Pedro Soares assume que matérias como toxicodependência ou interrupção voluntária da gravidez foram vividades “de forma particular”. 

Não menos importante foi o trabalho de combate à hegemonia de Mesquita Machado. “O BE fez um combate muito forte perante a hegemonia que existia também ao nível municipal, com o anterior presidente, Mesquita Machado. O BE foi de facto uma força de oposição muito clara, exigindo transparência, exigindo políticas públicas municipais aos serviços das pessoas e da cidade e não ao serviço de interesses e de negócios”, refere.

“Apesar de toda a influência conservadora, o BE afirmou-se no concelho e no distrito de Braga e, em 2009, pela primeira vez, conseguiu uma representação parlamentar”, recorda ainda Pedro Soares que assinala o facto de em 2005, com apenas cinco anos, o BE ter ficado a “escassas centenas de votos” de eleger um deputado a partir de Braga.

Áudio:

“BE conseguiu introduzir na agenda política temáticas que eram tabu e que em Braga tiveram impacto particular” – Pedro Soares

Elsa Moura
Elsa Moura

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