Bom Jesus “mais original” em Junho de 2019

Decorrem a bom ritmo as obras no Bom Jesus do Monte tendo em vista a candidatura a Património da Humanidade. O investimento aproxima-se dos dois milhões de euros e o trabalho de maior detalhe decorre nesta altura na sacristia original e capela-mor. A obra terá obrigatoriamente de ficar concluída em Junho do próximo ano.
Repleta de andaimes, ainda que aberta ao público, o objectivo passa por tratar cada pormenor da igreja trazendo até uma maior autenticidade ao que ali existia à data em que foi erguida. A Confraria escolheu a Signinum Gestão de Património Cultural para o trabalho de salvaguarda e restauro do património do Bom Jesus. Nesta altura é a maior empresa do país na área, tendo no currículo, entre muitas outras, a reabilitação da Igreja e Torre dos Clérigos, na cidade do Porto, e ultimamente o Restauro das Coberturas do Antigo Museu dos Coches, em Lisboa.
Numa visita guiada aos trabalhos, Luís Aguiar, sócio fundador da empresa e licenciado em conservação e restauro
sublinhou que neste tipo de intervenções a intenção “passa sempre por preservar o máximo possível da originalidade do recheio artístico do espaço”. Na existência de maus restauros realizados no passado, o primeiro passo é “verificar a possibilidade de remover esses restauros e, sendo possível, fazê-lo com segurança”. “Muitas vezs não há possibilidade de o fazer e aí temos que assumi-lo como um documento histórico do próprio espaço”. Ora, na obra de restauro no Bom Jesus vão concretizar-se as duas possibilidades.
Desde o início que a equipa de especialistas se confrontou com vários desafios. Luís Aguiar começa por destacar a Sacristia, com uma cor creme nas paredes. “Por uma questão de cuidado e de pormenor, abrimos sempre janelas de prospecção para verificarmos se não existe nada subjacente a essas pinturas ou a essas tintas. A verdade é que encontramos um marmoreado em tudo igual ao que existe dentro da igreja, de qualidade excepcional, e aquilo que agora estamos a fazer é levantar toda essa camada de tinta e salvaguar o máximo possível o original desse marmoreado”, começou por descrever aquele responsável.
As pinturas decorativas de toda a igreja do Bom Jesus também trouxeram grandes desafios. “Temos a primeira pintura em 1884 e depois, em 1977 houve uma repintura “que veio alterar alguns aspectos de originalidade, sobretudo nos tons vermelhos”. Por isso, nesta altura está a ser feito o levantamento de repinte “com um resultado absolutamente fantástico”, confessa Luís Aguiar.
Numa visita de imprensa aos trabalhos esta quarta-feira, Varico Pereira, da Confraria do Bom Jesus, lembrou que o grande objectivo passa por obter a classificação por parte da UNESCO já no próximo ano, ainda que esta requalificação seja importante, independentemente do futuro. “A equipa de peritagem da UNESCO ficou muito satisfeita com o trabalho que aqui está a ser feito, e acham que isto foi uma acção fundamental para a integridade e valorização do Bom Jesus, portanto estas obras são fundamentais para a candidatura a Património Mundial da Humanidade. Agora estamos numa fase em que é preciso convencer os 75 ou 85 embaixadores a votar na nossa candidatura”, confessou.
A responsabilidade está agora nas mãos do Estado Português que tem de defender esta candidatura na Assembleia da UNESCO. Para já ficam muitos elogios dos peritos, mas é preciso mais, confessa Varico Pereira que gostaria de ver a eleição concretizada um mês depois da conclusão da obra. A reunião poderá acontecer entre Julho e Setembro de 2019. De Portugal seguiram duas candidaturas: Bom Jesus e Mafra, ainda que em categorias diferentes: a primeira com paisagem cultural e a segunda com património cultural. Ainda assim, existem 75 candidaturas. Destas, apenas 45 serão aprovadas para a votação final.
Depois da construção, em 1811 está é considerada a grande obra no Bom Jesus. A requalificação no Bom Jesus decorre em três fases. Começou nos escadórios onde ainda continua, assim como nas capelas.
Até Junho de 2019 toda a requalificação do Bom Jesus estará concluída. Será ainda construído um centro de memória do Bom Jesus. Recorde-se que esta é uma obra financiada em 80% com fundos comunitários. O investimento total ultrapassa os 1,8 milhões de euros. A Confraria espera agora que empresas e cidadãos possam também contrabuir para o investimento ali realizado.
Áudio:
Luís Aguiar explica desafios da intervenção. Vice-presidente da Confraria realça elogios dos peritos da UNESCO e lembra que falta convencer os embaixadores até 2019
