“Bracarenses na Crise Académica de 69”. Histórias de quem não esmoreceu perante a ditadura 

“Bracarenses na Crise Académica de 1969” foi a obra apresentada, esta quarta-feira, na Galeria do Paço. Trata-se de uma compilação de memórias de uma força estudantil que não esmoreceu e conseguiu mesmo afectar o regime ditatorial de Salazar/Caetano. Esta iniciativa desenvolvida pelo Conselho Cultural da UMinho contou com a presença de um dos coordenadores da obra. 


Henrique Barreto Nunes adiantou pormenores sobre a obra. Em cerca de 100 páginas podem-se encontrar fotografias e, a título de exemplo, um abaixo assinado pelos pais de alguns alunos que pediam uma segunda fase de exames. Recorde-se que a 9 de Junho de 1969 mais de 90% dos estudantes em Coimbra não realizaram as suas provas. Esta era a “arma” utilizada pelos jovens na tentativa de instaurar a liberdade.


O livro contém uma entrevista que o professor Victor Sá deu à revista Via Latina. “Essa entrevista foi proibida e só chegou ao público pelas mãos da Associação Académica de Coimbra que integrou essas declarações num folheto. No documento Victor Sá fazia uma apreciação crítica do ensino da História em Portugal”, refere.



Os testemunhos dos bracarenses que marcam e fazem parte da história.


Alfredo Ferreira era caloiro do curso de engenharia em 1969. À RUM revela que na altura quando um jovem entrava para a faculdade “tinha os olhos e ouvidos totalmente tapados”. Isto porque o conhecimento sobre a actualidade política era nula. Para Alfredo Ferreira Coimbra era “uma ilha”, uma vez que era na universidade que as portas estavam praticamente todas abertas.

Maria Teresa Palmeira sofreu na pele as consequências de “marcar a sua posição contra o regime”. A bracarense entrou nesse ano, 1969, na universidade para a licenciatura de Direito. Foi uma das estudantes que faltou aos exames e, como era bolseira, perdeu a bolsa que lhe permitia perseguir o sonho de ter um curso superior. 

“Os meus pais não tinham condições para eu continuar a estudar”, confessou. Deste modo foi obrigada a abandonar os estudos e encontrar trabalho. Só mais tarde veio a terminar a licenciatura numa universidade nova, a UMinho. 

“Bracarenses na Crise Académica de 1969” é a primeira obra editada em papel pela UMinho Editora. 

Para vice-reitora para a cultura e sociedade, esta obra trata-se de um “contributo importante para a história contemporânea de Portugal”. À RUM Manuela Martins anunciou que a UMinho Editora vai lançar mais duas obras até ao Natal. “ONU e os desafios de desenvolvimento” e ainda uma homenagem a Alan Turing, considerado o pai da inteligência artificial, são os temas em carteira. 

Vanessa Batista
Vanessa Batista

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