“Braga devia promover melhor o património” – Isabel Silva

A Directora do Museu D. Diogo de Sousa e do Museu dos Biscainhos considera que a cidade de Braga “devia promover melhor o seu património”. Esta terça-feira à noite, em entrevista ao programa Campus Verbal, na RUM, Isabel Silva afirmou que “a matriz riquíssima e única de Braga não é promovida devidamente”. A directora referia-se ao património e à identidade cultural de Braga e lamentou que a comunicação seja “alicerçada em torno da política, de algumas políticas locais e de algumas figuras políticas”.

 “O foco não está na riqueza patrimonial da cidade” que “não está a usar o trabalho desenvolvido” nesta área para “tornar a cidade atractiva”, disse a responsável de dois dos museus de Braga que sugere à CMB que “congregue os seus parceiros que trabalham sobre o território, desenvolvendo uma estratégia conjunta que valorize todos e torne a cidade atractiva no conjunto de cidades europeias que se têm de afirmar como pólos de atractividade de pessoas, de visitantes e de empreendimentos”.

Sem um site apelativo e moderno, a directora do Museu D. Diogo de Sousa critica a postura dos sucessivos governos face a estes espaços. “Nós não temos desenvolvido essa estratégia de comunicação e de afirmação no mercado”, apontou, referindo, por exemplo, que um turista não consegue comprar bilhetes online. Por isso, “a venda de pacotes antecipada” seria uma estratégia para fixar os turistas mais tempo, permitindo que potenciais visitantes conseguissem “conhecer a identidade da região”. Uma aplicação móvel é outra das sugestões e Isabel Silva sublinha que “tudo está por fazer” nesta matéria.

O acréscimo de turismo na região tem sido, ainda assim, positivo para o Museu D. Diogo de Sousa que tem diversificado o seu público e conta com cada vez mais visitantes.

Recorde-se que o Museu D. Diogo de Sousa agrega “colecções de referência para a Península Ibérica e para a Europa” e, através das visitas guiadas continua a “falar da história de vida das peças e o que nós fomos”, percendo-se que “há muita coisa que permaneceu”, diz Isabel Silva.

Com um laboratório no interior do Museu D. Diogo de Sousa, a equipa é praticamente a mesma desde os anos setenta. Um número “reduzido” de profissionais “muito empenhados e que enfrentaram momentos muito difíceis”. Isabel Silva realça a ligação “afectiva e quase familiar” dos técnicos do museu “às termas, ao teatro e à Insula das Carvalheiras”. Um núcleo que ainda aguarda pela “oportunidade de intervir” no teatro romano para “completar a narrativa sobre a ocupação antiga da cidade”.

Comemorações do centenário do museu


Em 2018 o Museu D. Diogo de Sousa está a assinalar o primeiro centenário, ainda que a programação esteja longe daquilo que a direcção gostaria de fazer. Uma vez mais, os lamentos são dirigidos ao governo central. Isabel Silva disse que “o museu está a fazer o melhor que pode”.

Até ao início de 2019 o Museu D. Diogo de Sousa vai abrir uma unidade expositiva relacionada com o mundo clássico do mediterrâneo, “que tem um conjunto de peças muito bonitas e muito importantes face à informação que transmitem”. Uma exposição que “responde à ideia de beleza e de estética do mundo clássico permitindo entender “o que é a Europa de hoje”, aponta.

“Museu dos Biscainhos é uma pérola que não tem sido tratada da melhor maneira”


O Museu dos Biscainhos não tem sido tratado da melhor maneira, na opinião da Directora do espaço. Isabel Silva recordou que se trata de um espaço localizado no coração da cidade e “com um jardim histórico único no país, pelas suas características e por manter a sua identidade e o seu património original”, e que, por isso, deveria merecer outra atenção.

Além disso, o Museu continua à espera de ver devolvida “uma parte” que agrega um conjunto de peças artísticas “de beleza patrimonial única”. Nesse sentido, Isabel Silva defende “uma estratégia muito mais actuante que permita a valorização deste património”.

De há uns anos a esta parte, em eventos como a noite Branca, o Museu dos Biscainhos abre-se à cidade e Isabel Silva assume que é um bom ponto de partida para que os bracarenses possam conhecer este património. “Aquilo que está ao pé da porta fica sempre para depois e o museu viveu um bocadinho à parte da cidade, mas nos últimos anos temos feito um esforço enorme de aproximação que ainda não é o suficiente”, vincou.

Áudio:

Isabel Silva em entrevista à RUM

Elsa Moura
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