Braga em rescaldo depois de fogo que consumiu 1.200 hectares

O incêndio que ontem à noite iluminou a floresta que faz de pano de fundo à cidade de Braga consumiu 1.200 hectares e provocou “alguns” danos materiais. Está em fase de rescaldo desde o início da manhã mas foram muitas horas de preocupação, transtorno, trabalho e revolta.
As imagens da colina a arder chegavam de diferentes pontos da cidade de Braga. O ar era praticamente irrespirável. Com as chamas, arderam uma moradia em Fraião e dois armazéns de duas empresas em Nogueiró, mais concretamente na rua do Barral.
O primeiro incêndio que se registou no concelho de Braga ao início da tarde queimou aproximadamente 200 hectares de floresta, na zona de S. Mamede D’Este, Santa Lucrécia de Algeriz, Pousada e Navarra.
O segundo incêndio, ao início da tarde, começou na Morreira e atravessou para Guimarães e Braga, a partir das freguesias de Nogueira, Fraião, Lamaçães, Tenões e Nogueiró. Nesta zona “arderam cerca de mil hectares”, informou o vereador responsável pelo Pelouro da Protecção Civil, Firmino Marques.
“Registaram-se algumas assistências no local aos bombeiros em exaustão. Ardeu uma habitação em Fraião. Já na ponta final, um armazém dividido em dois, na zona de Nogueira”, acrescentou.
Na Falperra foi evacuada uma unidade hoteleira. Na zona de acesso ao Sameiro, o projecto Homem também foi evacuado. “Diria que foram algumas dezenas de pessoas evacuadas e o impacto dos equipamentos de onde saíram foi nulo”, especificou Firmino Marques em declarações à RUM.
“Conseguiu-se defender as pessoas e os bens materiais. Atendendo à dimensão, só o empenho dos bombeiros, das autoridades e da população minimizou os impactos de um incêndio que fica nos registos do país no pior dia do ano”, disse à RUM o vice-presidente da Câmara Municipal de Braga.
Por motivos de segurança, a via da Falperra e a via de acesso ao Bom Jesus e ao Sameiro encontram-se encerradas total ou parcialmente, para trabalhos de limpeza e manutenção das estradas e remoção de árvores caídas.
Nota do município sobre activação do Plano Municipal de Emergência
A medida surge devido à previsão de prolongamento de condições favoráveis à ocorrência de incêndios florestais e à previsibilidade da ocorrência de precipitação que, face às condições actuais dos solos, possibilitará o arrastamento de materiais sólidos.
Considerando que a situação presente implica a adopção de medidas especiais nos termos previstos no Plano Municipal de Emergência, foram accionados os agentes de Protecção Civil da área do Município necessários aos trabalhos para a resolução da ocorrência, sem prejuízo das decisões tomadas pelo Comandante das Operações de Socorro. Foram ainda accionadas todas as entidades e pessoas com especial dever de colaboração nos termos de mesmo Plano.
A articulação das intervenções dos diversos agentes são coordenadas pelo Coordenador Municipal de Protecção Civil, em estreita colaboração com o Comandante das Operações de Socorro, sem prejuízo das diversas forças actuarem no terreno sob os seus comandos ou chefias próprias.
Polibarral ardeu na totalidade
Situada na Rua do Barral, a empresa dedicada ao tratamento e revestimento de metais ardeu na sua totalidade. Com 17 funcionários, a empresa que se encontra num complexo industrial foi “apanhada” pelos fogos desta madrugada. Apenas sobraram as paredes desta infra-estrutura que viu o seu tecto ceder no decorrer do incêndio. A empresa tinha ainda oito carros no interior que também foram consumidos pelas chamas.
Também uma oficina, onde apenas trabalhava o próprio gerente, ficou totalmente destruída. Os proprietários das duas empresas estavam, esta manhã, durante a fase de rescaldo que aconteceu pouco depois das 7h, inconsoláveis com a destruição que não conseguiram evitar.
