Braga recupera zonas afectadas pelos incêndios com projecto “diferente”

Pedro Matos Fernandes visitou hoje, em Braga, as intervenções de recuperação dos ecossistemas ribeirinhos, na Falperra e na zona de Santa Lucrécia de Algeriz, afectados pelos incêndios de 2017.

Os projectos assentam numa recuperação de forma natural das linhas de água, usando técnicas de engenharia natural, aproveitando árvores queimadas e ramos secos para fazer diques e consolidar margens.

Braga é um dos 64 municípios que conta com um apoio do Governo para a recuperação da área ardida, depois dos incêndios de 2017. O Governo dispensou 16 milhões de euros, para recuperar mil quilometros no país.

No concelho de Braga estão a ser recuperados 37 hectares, através de um projecto que contempla linhas de água e reflorestação.

“Estas ribeiras são as melhores linhas corta-fogo que o país pode ter. As autarquias têm um papel fundamental, uma vez que são donas de obra, o Governo financia e dá apoio técnico. Já vimos que a autarquia de Braga resolveu financiar para poder ir mais além no projecto”, comentou Matos Fernandes.

Goreti Machado, presidente da União de Freguesias de Nogueira Fraião e Lamaçães, lembrou que depois dos incêndios de 2017 ocorreram cheias, que destruiram as margens ribeirinhas, prejudicando os proprietários dos terrenos contíguos. “Nessa altura, houve o compromisso de recuperar essas margens e não foram. Tenho o caso em Nogueira e Morreira. Eu pedia que visse a possibilidade de recuperar antes das chuvas de Novembro”, apelou Goreti Machado. O ministro deixou a garantia de avaliar a questão.

Matos Fernandes considera que o que está a ser feito vai permitir evitar a propagação de incêndios e cheias. “Os rolos de fibra, que têm dentro matéria orgânica, e um conjunto de técnicas, apenas com madeira, são fundamentais para termos uma rede hidrografica melhor do que aquela que tínhamos, com a dupla capacidade de ser uma excelente linha corta-fogo”, detalhou o ministro, que salientou ainda a possibilidade de infiltração da água e o “ganho que isso traz para os solos”. “É um projecto diferente”, elogiou.

Rio fala de “esforço inacabado” e da necessidade de “mais recursos”

A acompanhar o ministro esteve o presidente da autarquia, Ricardo Rio, que salientou não apenas o trabalho de reparação que está a ser feito mas também “de prevenção para o futuro”. “O objectivo é criar zonas de protecção que são uma forma de barrar essa propagação dos fogos e de evitar novas situiações de drenagem acelerada das águas das encostas”, explicou. O projecto envolve, no total, um investimento de 350 mil euros para a recuperação de 37 hectares. O presidente da autarquia alerta, no entanto, para o desordenamento visível nas encostas, em terrenos maioritariamente privados, e que pode trazer problemas no futuro. “Só através de uma iniciativa mais regulatória poderá ser possível realizar algo que impedisse esta propagação dos eucaliptos e de matéria inflamável, que numa próxima ocorrência vai ser novamente uma ameaça para a cidade”, alertou o autarca.

Para Ricardo Rio o apoio do Governo é importante, mas seria necessário mais, uma vez que este, aponta o presidente da autarquia, “é um esforço inacabado”. “Para cada concelho haveria sempre a ambição de podermos contar com mais recursos. Não é apenas esta intervenção inicial, mas todo um esforço de manutenção que é necessário assegurar para o futuro”, afirmou Ricardo Rio, lembrando “ainda outras consequências que visaram muitos proprietários que não estão ainda totalmente reparadas e que mereceriam também financiamento”.

Após os incêndios que afectaram o concelho em 2017, o Município de Braga, através de financiamento municipal e do Fundo Ambiental, implementou um projecto para a recuperação de linhas de água e a plantação de 33 mil árvores, em cerca de 37 hectares. As obras foram realizadas nas freguesias de Esporões, Nogueira, Fraião e Lamaçães; Nogueiró e Tenões; Santa Lucrécia e Navarra e Crespos e Pousada.

Estas intervenções permitem o controlo dos episódios de cheias, o aumento da qualidade da água, o controlo dos processos erosivos nas margens, a melhoria da qualidade dos solos e a maior preservação da biodiversidade.

Liliana Oliveira
Liliana Oliveira

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