Centro de Medicina Digital P5 “é único na Europa”

A Escola de Medicina da Universidade do Minho (EMUM) inaugurou, ao final da tarde desta segunda-feira, o Centro de Medicina Digital P5. Um projecto pioneiro em Portugal e na Europa que tem como missão simplificar a saúde e garantir um melhor acompanhamento de doenças crónicas como por exemplo a diabetes e a hipertensão arterial. Duas patologias que afectam cerca de 3 milhões de pessoas. Só o tratamento da diabetes custa 1% do PIB aos portugueses.
O P5 é uma abreviatura de cinco objectivos que passam pela proximidade, preditividade, participação, personalização e prevenção.
“P5 é um projecto único na Europa”, lembra Carlos Moedas
A sessão contou com a presença do Comissário Europeu, Carlos Moedas, que em declarações à RUM frisou que “este é um projecto único”, sendo que apenas existem mais dois semelhantes em todo o Mundo. Carlos Moedas afirma que é “muito bom para a Europa, e um grande exemplo de algo que está a ser feito em Portugal”.
O comissário congratulou a Escola de Medicina da Universidade do Minho por promover uma abordagem em relação às ciências médicas “mais diferente, moderna e avançada em comparação com o que se faz na Europa”. Carlos Moedas destacou, também, a interdisciplinaridade da iniciativa que para além disso faz o “cruzamento entre o mundo físico e o digital”, numa tentativa de perceber qual o efeito na vida das pessoas e no estudo da medicina.
Em que consiste o Centro de Medicina Digital P5?
É uma plataforma que conta com um método simples, uma vez que no período entre as consultas médicas e de enfermagem, o doente permanece acompanhado pelo sistema recebendo e enviando informação útil para o Centro de Medicina Digital P5. Essa informação servirá para o desenvolvimento de planos personalizados de intervenção que, depois de validados pelas equipas das Unidades de Saúde Familiar, serão promovidos pela equipa do P5 junto do utente.
O P5 conta com uma equipa de médicos, enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, informáticos, entre outros.
A apresentação do projecto esteve a cabo do presidente da Escola de Medicina da Universidade do Minho e director do P5, Nuno Sousa que explicou que esta iniciativa visa ”prestar atenção a alguns dos aspectos menos fortes do Sistema Nacional de Saúde como a prevenção, orientação e triagem de doentes, assim como a gestão e manutenção das doenças crónicas”.
Em conjunto com a ARS-Norte, o P5 vai arrancar, nesta fase piloto, com 15 mil utentes e três Unidades de Saúde Familiar (USF) “com perfil urbano, misto e rural, para implementarem estas novas tecnologias e monitorizar o impacto que elas têm na prestação de cuidados de saúde”. As USF localizam-se no distrito de Braga: USF Manuel Rocha Peixoto (Braga), USF S. Miguel-o-Anjo (Vila Nova de Famalicão) e USF Saúde Oeste (Sequeira, Braga).
Um projecto de contínuo crescimento que conta com apoio de centenas de milhares de euros
Nuno Sousa, director do P5, afirma que este é um projecto também “inovador do ponto de vista da sua gestão por parte da Universidade”, uma vez que o P5 contou com “um conjunto de mecenas que acreditaram na ideia e deram os primeiros passos”. A iniciativa estará em constante crescimento, pelo menos nesta primeira fase.
Aos microfones da RUM, Nuno Sousa, não avançou com números concretos, apenas garantindo que o P5 soma um investimento de “centenas de milhares de euros”.
“A multidisciplinaridade é condição para o P5”, assegura Rui Vieira de Castro
“Um dia histórico” e um “momento gratificante para a Universidade do Minho”. Foi desta forma que o reitor da academia minhota descreveu este projecto que depois de três anos no papel ganhou forma e promete revolucionar o Serviço Nacional de Saúde em Portugal.
Rui Vieira de Castro adianta que um projecto como o P5 tem de ter “como marca a multidisciplinaridade”, trata-se de uma condição para uma iniciativa contar com um “atendimento bem-sucedido e efectivo para tratar problemas de natureza complexa”.
O reitor sublinhou ainda o carácter pioneiro da aposta da EMUM que tem como missão “responder às necessidades que a população portuguesa apresenta e permite alguma racionalização da prestação desses serviços feita no interior do SNS.
