Comerciantes dão nota positiva ao Mercado Provisório de Famalicão

Abriram-se hoje, pela primeira vez, às 7horas da manhã, as portas do Mercado Municipal Provisório, em Vila Nova de Famalicão. O espaço partilha morada com a Fagricoop – Cooperativa Agrícola e dos Produtores de Leite de Famalicão, na Rua do Sr. Da Agonia, do lado oposto ao recinto da feira semanal.
Para lá da porta principal, as paredes contam histórias. Cada banca está identificada, com uma foto e o nome do comerciante. A primeira paragem da RUM foi na banca da dona Gorete Sousa. Vende frutas e legumes há 36 anos e, por si só, o número faz do mercado municipal uma segunda casa. Por isso mesmo, a mudança “não foi fácil”. “Foram muitos anos”, desabafou. Mudar para o espaço provisório “é como mudar de casa”, diz. “Deixa muita pena, porque são muitas memórias que deixamos naquele mercado”, acrescentou. A nova casa, afirma, “está bem organizada”, apesar de a considerar “pequena”. Ainda assim, “é muito acolhedor” e, no que ao negócio diz respeito, espera que se torne um espaço “rentável”.
Atravessamos o mercado e, do outro lado, paramos na peixaria. Cristina Ferreira é peixeira há mais de três décadas. Começou a vender peixe com a mãe e, aos 43 anos, diz ter “custado muito” abandonar o antigo mercado. “Foram 30 anos a viver lá dentro, de manhã à noite”, comentou. Os clientes, diz a peixeira, “estão a gostar do sítio e os fixos têm aparecido”.
Cristina aproveitou a visita do presidente da Câmara, Paulo Cunha, para apontar alguns reparos às instalações: “O chão da minha loja junta muita água”. Apesar disso, acrescenta, “temos as condições que precisamos. Está porreiro o espaço”.
Já quase a completar a visita, mesmo junto à entrada, encontramos o talho do senhor Serafim. Talhante há mais de 30 anos, Serafim Quintas diz que o mercado provisório é “muito aconchegado e muito bonito”, apesar de concordar com Gorete e achar “o espaço mais reduzido”. A mudança foi “difícil”, assume, mas o “transtorno vale a pena”. No dia de abertura da nova banca, o feedback era “positivo” e os clientes, contou, “têm reagido bem” à mudança de instalações, que acabam por elogiar. Por isso mesmo, “as expectativas são muito boas” no que ao futuro mercado diz respeito.
“Foi um bom primeiro dia, mas nada começa perfeito”
E já que se fala no futuro, o novo mercado municipal começa a ser construído a 10 de Julho, estimando-se que esteja pronto dentro de um ano.
Até lá, Paulo Cunha promete dar as melhores condições aos comerciantes famalicenses. O autarca entrou no mercado às 10 horas e percorreu todas as bancas, uma a uma, para perceber e registar o feedback dos vendedores.
À saída, comentou com os jornalistas, que foi “um bom primeiro dia”. No entanto, apontou, “nada começa perfeito”. Referia-se, por exemplo, ao pedido da peixeira Cristina. “Há pequenas questões a alterar, que vão agora ser objecto da nossa atenção, questões de logística, do pavimento, falta de inclinação do solo para escoamento de água na peixaria”, descreveu.
Apesar desses “pequenos pormenores”, para o presidente famalicenses o mercado provisório “é muito cómodo e já dá um sinal da qualidade do espaço que há-de ter o novo local”, garantindo “condições que asseguram os requisitos necessários, do ponto de vista higiénico, técnico e logístico”.
Segue-se, no decorrer dos próximos 365 dias, “um processo de aprendizagem para todos: Câmara, comerciantes e clientes”. Todos têm “que aprender a lidar com o novo conceito de mercado”. “A Câmara está muito dedicada na criação de condições para que os comerciantes possam ter as melhores propostas que há-de ser ótimo para o mercado, mas também há-de ser muito bom para cada um deles”. Para já, garante, a autarquia vai “ouvir as pessoas, perceber as suas necessidades, e introduzir as alterações possíveis e necessárias para que haja uma melhoria contínua”.
Á saída do mercado, e também desta reportagem, deixamos o conselho da peixeira Cristina: “Visitem o mercado, porque é convidativo, e é onde as pessoas se encontram e conversam”.
Sendo precisamente o convívio um dos pilares do espaço que por estes dias começará a ser construído.
Como funcionará o mercado?
Com 10 espaços de ocupação diária e 14 de ocupação cíclica, área de produtores locais, de empreendedores locais e multifunções, o Mercado Provisório estará aberto de segunda a sabádo (às segundas e quintas, das 08h00 às 19h00; às terças, quartas e sextas, das 07h00 às 19h00; e aos sábados, das 07h00 às 14h00).
O funcionamento do Mercado Provisório será acompanhado de um plano formativo transversal destinado aos comerciantes e vendedores, mas também aos trabalhadores do mercado que assenta num modelo informal e de grande proximidade ao contexto de venda e exposição de produtos. Tem por objetivo capacitar e apoiar os comerciantes, por forma a que desenvolvam novas ferramentas e conhecimentos nas áreas de higiene e segurança alimentar, marketing e exposição de produtos, atendimento, sustentabilidade, logística e armazenamento, assim como uma abordagem aos princípios e regras legais de funcionamento do comércio.
O plano formativo, contruído em parceria com o Centro Qualifica, ACIF e Didaxis de Riba D´Ave, abrangerá cerca de 80 pessoas, incluindo os funcionários do município que trabalham no projeto e no mercado municipal, comerciantes (peixe, carne, frutas, legumes, flores e velas), lojistas e médios/ grandes produtores agrícolas. A formação terá uma duração global de 200 horas, divididas em 5 áreas temáticas e será efetuada ao longo de 1 ano, com um acompanhamento próximo dos comerciantes e essencialmente uma base informal de aprendizagem.
