Correr de Guimarães a Compostela por três instituições
Caminho de Santiago, caminho de solidariedade. É este o espírito dos dois atletas que, esta quinta-feira, partem de Guimarães rumo a Santiago de Compostela. Numa corrida que vai além do desporto, o atleta olímpico Ricardo Ribas e o ultra maratonista vimaranense José Capela querem angariar dinheiro para três instituições de Guimarães: o Centro Juvenil de São José, a Casa da Criança e a Cercigui.
Uma corrida que nasceu de uma promessa, em 2014, à chegada de uma corrida a S.Bento da Porta Aberta.
“Quando cheguei estava bastante emocionado e disse ao Capela: se conseguir ir aos Jogos Olímpicos 2016, gostava de o acompanhar até Santiago”. Cumpriu-se e fez-se. Para Ricardo Ribas “é um orgulho muito grande fazer parte desta caminhada”. “Acredito que, no Domingo , quando chegar a Santiago vou ser um homem feliz e muito mais forte”.
Mas não é apenas de promessas que se faz esta viagem. Porque “as instituições precisam do desporto e da ajuda de todos”, os atletas decidiram fazer do caminho solidário. Foi criada uma conta para onde todos podem contribuir. A ideia é “transformar o quilómetros em euros”, de acordo com José Capela. “Sou vimaranense e o Ricardo Ribas é um filho adoptivo da cidade, que já esta vive cá há alguns anos. Pedimos que contribuam com alguns quilómetros, ou seja, transformem quilómetros em euros. Sabemos que essas instituições passam dificuldades e queremos, sobretudo, dar a conhecer o trabalho notável que fazem em prol de crianças, jovens e pessoas deficientes”, diz o atleta, que é também tesoureiro da Casa da Criança.
“Na solidariedade deve aceitar-se o que as pessoas dão, não há um valor mínimo. Um euro a cada um custa pouco, mas multiplicado por muita gente, quem sabe, pode fazer uma verba considerável que pode fazer a diferença nas instituições”, antecipa José Capela.
Os atletas partem, no primeiro dia, até Ponte de Lima, onde percorrerão cerca de 55 kms. No segundo dia, atravessam a fronteira e percorrem 53kms, até Porrino. Segue-se o percurso mais longo, de 65.8 kms, que os liga a Valga. “A ideia é ter a penúltima etapa um bocadinho mais longa, para que, no último dia, levados pela emoção, percorrermos uma etapa mais curta, de 37kms, para chegarmos a Santiago mais descontraídos”, diz o ultra maratonista. “Corremos com os pés e com a cabeça e temos que gerir isso”.
“Não é qualquer um que faz isto”
Três instituições vão beneficiar desta corrida. Uma delas é a Casa da Criança, que acolhe jovens vítimas de maus-tratos, negligência ou abandono. A presidente, Joana Prata, explica que esta iniciativa “tem um significado extraordinário”, porque é feita pelo tesoureiro, o José Capela, “que melhor do que ninguém sabe das contas e das dificuldades da Casa”. Para a responsável, “é bonito que alguém se disponha a angariar fundos com o seu próprio suor. É lindíssimo. O Estado não comparticipa na totalidade as despesas destas casas. As três instituições vivem da boa vontade da comunidade e empresas que todos os dias ajudam”, lembrou.
A Cercigui, que apoia jovens com deficiência de Guimarães, será outra das instituições a beneficiar da ajuda dos atletas. O presidente, Rui Leite, lembra que “não é qualquer um que faz isto pensando nas instituições. Se calhar pensariam só neles de uma forma individual”. Neste momento a Cercigui encara, sobretudo, necessidades estruturais de ampliação para acolher novos utentes. “Porque há muitos alunos a sair das escolas com 18 anos, sem colocação e nós estamos sobrelotados”, lamenta.
Os atletas irão ajudar também o Centro Juvenil de São José que se dedica ao acolhimento e inserção social de crianças e jovens sem apoio familiar ou em risco de exclusão social. O vice-presidente, Fernando Sousa, explica quea instituição encara as dificuldades de qualquer lar de infância e da juventude, sendo próprias de uma instituição com carências financeiras.
Para os interessados, podem contribuir para o seguinte NIB:
0018 0003 42980870020 14
