Dia dos Namorados: quase 70% dos jovens legitima violência

68,5% dos/as jovens aceita pelo menos um comportamento de violência como natural. É este o principal dado revelado do mais recente estudo nacional da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR). O estudo é divulgado esta quarta-feira, dia de São Valentim, e abrangeu 4600 jovens e uma média de idades de 15 anos.
O estudo revela que 56% dos jovens inquiridos foram vítimas de violência, sendo que 18% foram casos de violência psicológica, 16% de perseguições, 12% de violência através das redes sociais, 11% de situações de controlo, 7% de violência sexual e 6% de agressão física por parte de um(a) companheiro(a).
Um estudo que alerta para as elevadas taxas de vitimização e, sobretudo, de legitimação da violência, explicou à RUM Margarida Teixeira, da UMAR. “68,5% considerarem “normal” algum tipo de violência é um dos principais dados do estudo, que é muito superior ao que estávamos à espera. Percebemos que nesses 68,5%, os jovens que já foram vítima de violência no namoro é que legitimaram mais violência”, explicou.
Violência física, violência psicológica, violência sexual, controlo, perseguição, violência nas redes sociais são o tipo de comportamentos considerados “normais”. “Ao achar que alguns comportamentos são normais, não nos identificamos como vítimas”, explicou.
O “controlo” exercido nas relações é o mais legitimado, de acordo com Margarida Teixeira, já que foi considerado “normal” por 29% dos inquiridos, dando-se como exemplo o “controlar o que vestir, controlar o telemóvel, as passwords das redes sociais, ou com quem a pessoa pode sair e quando pode sair”.
O objectivo da UMAR é chamar à atenção à sociedade para o que está a ser transmitido aos jovens para que estes aceitem a violência no namoro. “São dados que temos que discutir com educadores e na sociedade em geral. Questionar o que estamos a passar aos jovens do que é o amor romântico e desenvolver uma relação com outra pessoa, porque alguma cosia está mal”, avisou.
O estudo é apresentado hoje na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto.
Áudio:
Margarida Teixeira, da UMAR, explicou à RUM que o “controlo” é o mais legitimado
