Dia Internacional da Juventude: quais as propostas das “Jotas” para o futuro

Esta segunda-feira, dia 12 de Agosto, celebra-se o Dia Internacional da Juventude. A Universitária conversou com os representantes das juventudes partidárias de Braga no sentido de tentar perceber qual a análise que fazem das políticas actuais direccionadas para os jovens em Portugal, mas também quais as exigências que têm a fazer ao próximo governo nesta matéria.
JSD: Juventude é vista de uma forma pelo governo e de outra pela autarquia local.
João Alcaide, líder da Juventude Social Democrata (JSD), afirma que a Câmara Municipal de Braga é um exemplo nacional no que toca às políticas municipais dedicadas aos jovens. O representante sublinha a existência do Conselho Municipal da Juventude, o Orçamento Participativo Jovem, assim como a Semana da Juventude que permitiu a recém lançada revista da juventude e a abertura da loja, no Gnration. O presidente da JSD afirma aguardar com expectativa pela Pousada da Juventude, em Outubro, que representa um investimento de 1,3 milhões de euros.
Estado tem falhado no acesso à habitação e na atribuição de bolsas de estudo: João Alcaide dá o exemplo de no último ano “milhares de estudantes na Universidade do Minho terem sido afectados devido ao constante atraso na atribuição das bolsas de estudo. Também na área da educação, o presidente da JSD refere a falta de investimento na Frei Caetano Brandão, em Braga.
Propostas: A JSD pretende promover um modelo de ensino baseado nas novas tecnologias, ambiente e sustentabilidade com especial foco na mobilidade eléctrica. Sem esquecer a coesão territorial, participação política através do voto electrónico e limitação de mandatos a todos os cargos políticos, defende a necessidade de reforçar os programas de apoio e atribuição de incentivos aos senhorios para o arrendamento a jovens.
Diminuir a precariedade e disponibilizar uma escola pública de qualidade são as bandeiras da JCP.
Ricardo Brites, da Juventude Comunista Portuguesa, faz um balanço positivo dos últimos quatro anos que contaram com “o papel decisivo do PCP em detrimento da juventude”. Foram eles o “aumento do salário mínimo nacional, a gratuitidade dos manuais escolares até ao 12º ano lectivo, aumento do abono de família e, no ensino superior, diminuição do valor das propinas”, enumera.
Acesso à cultura mais massificado: Esta é uma das maiores críticas da JCP ao governo actual. Ricardo Brites considera que todos os jovens do país devem ter o “direito à cultura e desporto”. Algo que, até ao momento, não está a ser feito devido ao elevado custo para aceder a concertos e festivais.
Emprego, habitação e educação. Pontos urgentes a mudar: A JCP avança que na próxima legislatura a sua missão irá recair sobre a diminuição da precariedade. Ricardo Brites propõe que por cada “posto permanente seja realizado um contrato efectivo”. Outra das lutas dos comunistas vai passar pelo aumento do salário mínimo nacional para os 850 euros, sendo que neste momento estão em cima da mesa vários valores. No alojamento, o essencial passará por diminuir a burocracia dos processos relativos ao “Porta 65”.
Na região o ponto negro é a mobilidade: Ricardo Brites destaca o difícil acesso aos transportes. A JCP dá o exemplo de cidadãos que querem atravessar concelhos como “Esposende para Barcelos, Braga para Póvoa de Lanhoso ou mesmo de Guimarães para Fafe” que têm falta de transportes e os que existem estão no mercado por valores inflacionados.
JP: “País precisa de um novo rumo”.
Francisco Mota, presidente da Juventude Popular, declara que o Estado tornou os jovens portugueses “reféns”, uma vez que o país regrediu no que toca a serviços públicos. Para além disso, nestes quatro anos, os portugueses viram os impostos subir junto de famílias e empresas.
Volta de 180º graus só com jovens: Para o presidente da JP a “esperança” recai única e exclusivamente nas novas gerações que se têm mostrado interessadas em dar o seu contributo para um país “às direitas”, ou seja, “dar um novo rumo a Portugal”.
Município de Braga é exemplo no envolvimento jovem: Para Francisco Mota este executivo, liderado por Ricardo Rio, alterou por completo o paradigma até então vivido na cidade dos arcebispos. Actualmente, as “políticas municipais são direccionadas para os jovens e incentivam à participação jovem”. Um modelo que tem vindo a ser replicado em outras regiões como é o caso do “Orçamento participativo jovem, envolvimento associativo jovem, formação e ainda presença de jovens em clubes desportivos”, considera.
Propostas da JP para Braga: Melhorar a qualidade de vida dos jovens na região passa, na óptica da Juventude Popular, por reduzir em “50% o orçamento da Noite Branca”, uma forma de canalizar essas verbas para outras iniciativas. Francisco Mota sublinha a necessidade de existir um compromisso entre o SC Braga e o município devido à situação do Estádio Municipal que é “um grande encargo financeiro que, infelizmente, tem condicionado muito as contas públicas da cidade”. Para além de incentivar à concepção da publicidade de grande dimensão. Em termos de obra feita o presidente realça o facto dos parquímetros terem ficado sobre a alçada dos Transportes Urbanos de Braga e a venda da Fábrica Confiança que irá a hasta pública.
BE: Neutralidade carbónica e mais camas nas residências universitárias.
Carlos Machado, representante do Bloco de Esquerda, confessa que os últimos quatro anos foram, maioritariamente, positivos no país.
O BE refere a diminuição das propinas nas licenciaturas e mestrados integrados, mas também o acesso gratuito aos estudantes até ao 12º ano lectivo a manuais escolares. Já do lado negativo Carlos Machado destaca o aumento do período de experiência no primeiro emprego que passou de 90 para 180 dias.
Futuro do país passa pelo ensino superior e clima: É premente até 2023 colocar um ponto final no pagamento de propinas e aumentar o investimento nas residências universitárias, uma vez que há falta de camas para os estudantes deslocados que, por esta razão, ficam expostos à especulação imobiliária.
Ainda no campo da educação Carlos Machado frisa ser inadmissível os atrasos nas atribuições de bolsas. “Estas deveriam ser calendarizadas até ao final do ano civil”. Já na questão do clima é importante começar a traçar o caminho para alcançar a neutralidade carbónica, nomeadamente, fazendo a transição dos combustíveis fósseis para energias renováveis. Propostas que o bloco enumera para a região e o país no geral.
“Este governo está em permanente auscultação com entidades que representam a juventude”, JS.
Bruno Gonçalves da Juventude Socialista deixa rasgados elogios à participação do Governo com entidades que representam a juventude. Exemplo disso foram as 4 mil propostas que surgiram do questionário em parceria com o IPDJ – Instituto Português do Desporto e Juventude.
Aposta no Erasmus + : O presidente da JS olha para este programa como uma ferramenta útil para “conhecer novos mundos, promover a paz e o multiculturalismo”. Logo, Bruno Gonçalves defende o alargamento do programa incluindo novos paradigmas mais além das universidades.
Alojamento mais acessível para maior emancipação: Reforçar o financiamento para o acesso a habitação e reformular o acesso ao alojamento devem ser as grandes preocupações para os próximos quatro anos. Para isso existem dois caminhos, na perspectiva da JS, criar mais programas ou reforçar o financiamento nos já existentes.
Mobilidade em Braga deve ser trabalhada: Bruno Gonçalves frisa que a mobilidade suave não está a ser trabalhada da melhor forma na cidade dos arcebispos. Para uma estrutura integrada de mobilidade o município deveria auscultar as plataformas e juventudes partidárias. Nota positiva para a interligação entre a Universidade do Minho e o tecido empresarial da região que tem levado a uma emancipação mais cedo dos jovens.
