Do Minho para a Grécia com o sarrabulho na mala

Não sabe em que momento da sua vida começou o gosto pela culinária, mas aos seis anos já dizia que queria ser cozinheiro. E foi. Aos 15, ingressou num curso da área e agora, com 19, vai representar o país num concurso internacional, o European Young Chef Awards (EYCA), na ilha de Rodes na Grécia, de 22 a 24 de Outubro.

Durante dois dias, o minhoto, nascido em Viana do Castelo, vai apresentar um prato tradicional, depois dedicar-se-á à preparação de um prato inovação. O sarrabulho é o sabor regional que vai com Rui para a Grécia. A ementa está escolhida: “carnes com porco bísaro, carne de vaca cachena, frango, mão de vaca, chouriços acompanhados de arroz de sarrabulho e cebolas curadas e glaceadas”.

A inovação continua a ter foco no sarrabulho, um sabor típico da região, mas “com outra apresentação”. “Incorporei uma terrina de carnes, cozinhei as carnes todas juntas, desfiei, prensei e corei. Fiz uma musse com o queijo creme e o sangue cozinhado, umas cebolas caramelizadas, uns crocantes de sangue, limão e salsa. Tudo feito à base de arroz, fiz uns rolos com uma folha de arroz, recheei o arroz de sarrabulho, cozinhei o arroz na água das carnes e acabei com a musse e o molho de sarrabulho, onde esta o sabor todo do prato”, desvendou o jovem chefe.

Rui Pedro Meira dedica-se de forma mais séria à cozinha desde os 15 anos. Este ano foi vencedor do concurso Minho Young Chef Awards. Agora, numa competição internacional, que junta gastronomia de 18 regiões europeias, o jovem leva a história do Minho no prato e, por isso mesmo, os dias têm sido de muita preparação para que nada falhe.

Uma das preocupações está relacionada com a tradução para que “o júri entenda o prato e o motivo do sarrabulho ser uma junção de carnes, com origem no aproveitamento de tudo o que havia e que era o sustento das casas do Minho, antigamente”.

“Têm sido dias aterefados, mas estamos num bom caminho para que corra tudo bem”, comentou.

Rui espera um dia ter o seu próprio restaurante, embora por enquanto o objectivo seja “aprender o máximo possível”.

Até lá, confessa, vai tentar aprimorar a arte de cozinhar com experiências internacionais e, por isso, “as expectativas estão altas” para este concurso na Grécia, “não só para fazer um bom trabalho a representar a região, mas também para conhecer outras pessoas, trocar informação e cultura”. “Quem sabe não arranjo um estágio”, frisou.

O concurso é promovido pelo International Institute of Gastronomy, Art and Tourism(IGCAT) e reúne os finalistas dos concursos realizados nas regiões europeias, dando a oportunidade de apresentar as receitas tradicionais e inovar os pratos das regiões apenas com ingredientes locais de cada país.

Rui Pedro Meira parte para a Grécia dentro de dias, na mala leva a os sabores portugueses e a esperança de uma boa classificação.