Donald Trump: a “benção para os jihadistas”

O mundo está a viver tempos imprevisíveis e os efeitos do discurso de ódio praticado por Donald Trump vai sentir-se ao longo dos próximos anos. Quem o diz é Sandra Costa, politóloga doutorada pela Escola de Economia e Gestão (EEG) da Universidade do Minho (UMinho).
À RUM, Sandra Costa disse que o discurso de ódio proferido pelo presidente dos Estados Unidos da América (EUA), Donald Trump, está a “dar força” aos grupos terroristas. “Os jihadistas vão aproveitar esta situação para conquistarem simpatizantes”. “Vão apresentar este discurso como a verdadeira prova de que existe uma guerra contra o Islão e os Muçulmanos”, disse.
Com menos de um mês de presidência, Donald Trump “é um dos líderes mais imprevisíveis que os Estados Unidos da América já teve até porque tem um temperamento difícil e pouco adequado ao cargo que ocupa”, diz a politóloga. Sandra Costa não espera, por isso, que o novo presidente dos Estados Unidos mude a sua postura nos próximos tempos “até porque rodeou-se de pessoas erradas, que não sabem aconselhá-lo”.
Já em relação a Portugal, a politóloga explicou que o nosso país não está imune a futuros ataques, ainda que não seja um alvo preferencial. “Estando inserido nos grandes fluxos globais, Portugal não está imune [a ataques]”. “Sabemos que, nos últimos anos, temos assistido à fuga de alguns luso-descendentes para as fileiras jihadistas e a algumas referências à reconquista do território ‘al-Andalus’, que diz respeito a Espanha e Portugal, logo temos de estar conscientes dessa possibilidade, ainda que não existam motivos para alarmismos”, afirma.
A politóloga lembrou que os líderes mundiais têm agora uma difícil tarefa para controlar o crescimento e a influência dos grupos jihadistas. Apesar de não querer avançar com soluções em concreto, garantiu que é preciso terminar com os discursos de ódio contra os muçulmanos. “É preciso tentar gerir a ameaça e evitar os discursos xenófobos e discriminatórios”, acrescentou.
Sandra Costa foi mais longe e disse que “a ameaça é cada vez mais complexa” e que este clima de medo e insegurança vai sentir-se a médio prazo, pelo menos ao longo dos próximos 10 anos.
