EB1 de Pedralva encerra no próximo ano lectivo

Com apenas 14 alunos matriculados para o ano lectivo 2019/2020, a Escola Básica de Pedralva não vai voltar a abrir as portas em Setembro. Os alunos serão colocadas na escola de uma freguesia vizinha, Espinho, tendo o transporte assegurado. Esta segunda-feira, alguns habitantes de Pedralva surgiram na reunião de câmara para contestar a decisão.

A decisão final é tomada pela DGEstE (Direcção-Geral dos Estabelecimentos Escolares) e não pela Câmara Municipal de Braga, mas a população de Pedralva considera que o município podia ter feito mais para evitar esta situação. A oposição saiu em defesa dos pedralvenses que aproveitaram o momento para denunciar que a freguesia está votada ao “abandono” e esquecida pela Câmara Municipal de Braga.

As inscrições terminaram na passada sexta-feira e junta de freguesia e encarregados de educação não conseguiram convencer mais famílias de Pedralva a matricular naquela escola básica os seus filhos. Segundo testemunhos ouvidos no final da reunião de câmara, há crianças suficientes para assegurar a continuidade do ensino naquela escola, mas o número de inscritos (14) está longe dos 21 exigidos pela DGEstE para manter as portas abertas, ainda que em regime de turmas mistas como já estava a acontecer naquela freguesia.

“Pedimos que não levem só o lixo para Pedralva”

Bernardete Antunes, porta-voz dos encarregados de educação presentes na reunião de câmara desta segunda-feira, dirigiu-se ao presidente do município e à vereadora da Educação para prometer que no próximo ano lectivo a população vai “tentar cativar os pais que estão a inscrever fora as crianças”, apelando a “uma oportunidade” para contrariar esta tendência. “Se bem se recorda (dirigindo-se a Ricardo Rio), quando foi à nossa freguesia no acto eleitoral, um dos focos que nos apresentou foi a situação da educação e questiono o que é que a câmara proporcionou à nossa freguesia”, começou por denunciar Bernardete Antunes que pediu “apoio, quadros qualificados e computadores novos para a escola”. “Pedimos que não levem só o lixo para Pedralva, porque nos últimos anos temos tido aterro sanitário e linhas de alta tensão”, criticou.

Reconhecendo que o regime de turmas mistas (alunos de diferentes anos lectivos na mesma sala com apenas um professor) “não é o ideal”, estes pais dizem estar dispostos a trabalhar para tentar inverter esta situação.


Partido Socialista quer “repetir feito conseguido na Escola de Coucinheiro”

Os vereadores do Partido Socialista voltaram a atacar o trabalho da coligação. Artur Feio recordou que no passado o PS “conseguiu inverter o encerramento na Escola de Coucinheiro”, acreditando que 

é possível “repetir o cenário” em Pedralva. “O PS está disponível para ajudar naquilo que for necessário porque não podemos desertificar mais uma das nossas freguesias. Pedralva tem sido nos últimos anos muito penalizada e entendemos que devemos todos arranjar aqui uma solução”, disse o socialista.

O PS lamenta a forma como o executivo de Ricardo Rio geriu esta situação. Liliana Pereira recordou o alerta deixado aquando da aprovação da Carta Educativa, considerando que a câmara podia ter evitado este problema. “Já temos vindo a apontar que esta vereadora da Educação tem medo de tomar decisões difíceis. É preciso agir com tempo, a comunidade educativa está frustrada”, vincou.

“Pela qualidade do ensino é sempre preferível que sejam separados os níveis de escolaridade, mas a questão só se colocou porque é em cima de tempo. Isto tem de ser feito atempadamente. A vereadora da Educação devia ter feito uma reunião com os pais há muito mais tempo, em Janeiro ou em Fevereiro”, sugeriu.

“A CMB não pode continuar refém de factos consumados” – Vereador da CDU

Carlos Almeida afirma que “a CMB não pode continuar refém de factos consumados e esperar que ocorram as inscrições para perceber que a escola tem de encerrar”. Referindo-se à Carta Educativa, o vereador da CDU avisa que “não houve planeamento”, uma vez que a própria CMB sabia que a freguesia tinha crianças suficientes para impedir o encerramento. A CDU discorda também do regulamento da DGEstE para este tipo de situações. O vereador comunista não acredita que a escola possa vir a reabrir no futuro e exige ao município “medidas de acompanhamento” para travar outros casos.

O comunista afirma também que o encerramento da escola “é a pior solução que se pode tomar”. “É um facto que não é desejável do ponto de vista pedagógico, mas não havendo escola não há pedagogia nenhuma”, rematou.

“CMB não podia fazer mais. Ninguém gosta de ver uma escola encerrar” – Ricardo Rio

O presidente do Município de Braga lembra que as ‘boas’ condições físicas da EB1 de Pedralva “não são critério, mas sim o número de alunos. Ricardo Rio e Lídia Dias reiteraram uma vez mais a ideia de que “às vezes é preferível os alunos ficarem mais longe e terem melhores condições de ensino”, recusando o cenário de ensino misto.

Ricardo Rio afirma que a CMB “não podia fazer mais” e reconhece que “ninguém gosta de ver uma escola a encerrar, ainda por cima quando naquele território não há muitos equipamentos públicos para garantir os níveis de coesão”. O autarca explicou que o município vai trabalhar com a comunidade no sentido de “valorizar e mobilizar as famílias para o jardim-de-infância para que as perspectivas de futuro se possam alterar”.

Áudio:

Declarações proferidas no final da reunião de CMB

Elsa Moura
Elsa Moura

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