Embrulhada no PS continua. Acórdão “dá razão” a Jorge Faria

O Acórdão da Comissão Nacional de Jurisdição (CNJ) deu razão à lista de Jorge Faria, candidato derrotado nas eleições de 20 de Janeiro de 2018 à concelhia do Partido Socialista de Braga. A RUM teve acesso ao documento assinado a 25 de Janeiro e que entretanto chegou às mãos da lista derrotada por Artur Feio, que entretanto se demitiu do cargo. A queixa de Jorge Faria está relacionada com a ausência da moção de orientação global da lista de Artur Feio, que não foi entregue antecipadamente aos órgãos.
Jorge Faria acusou Artur Feio de ter tido acesso ao documento da CNJ que daria razão à sua lista, daí ter optado pela estratégia de “antecipação” com a apresentação da sua demissão, forçando novas eleições.
Segundo a resposta da Comissão Nacional de Jurisdição, Artur Feio não entregou a moção de orientação global da sua lista dentro da data prevista e, por isso “violou o nº1 do Artigo 34 dos Estatutos do Partido Socialista”. A mesma comissão refere que “é obrigatório” que as listas que se apresentem a sufrágio apresentem a respectiva moção. No entanto, uma vez que Artur Feio se demitiu e estão previstas eleições para o próximo dia 2 de Março, tal “torna inútil qualquer decisão do CNJ mesmo que a decisão fosse a marcação de novas eleições”, uma vez que nunca decorreriam antes da data já anunciada.
Aos microfones da Universitária, Jorge Faria diz que a sua lista tem razão, “tal como sempre defendeu”. Mas, “a conclusão do acórdão acaba por ser um bocado estranha”, avisa, uma vez que a comissão dá prioridade às eleições já anunciadas.
“Votos naquela lista deviam ter sido anulados”, defende Jorge Faria
Jorge Faria insiste que não deviam existir novas eleições porque “os votos naquela lista (Artur Feio) deviam ter sido anulados”. Com uma nova realidade, Faria diz mesmo que a Comissão Distrital do PS Braga tem “surpreendido” a sua lista “com coisas atrás de coisas”, mas promete para as próximas semanas “preparar um projecto ainda melhor que o anterior”. Questionado sobre uma eventual recandidatura, o derrotado das últimas eleições diz que “nenhum dos elementos está de parte para tomar as rédeas deste projecto”. “São vários os militantes que estão muito habilitados, portanto não é de estranhar que qualquer um possa ser candidato ao Partido Socialista”, assegura.
“Processo foi bastante limpo” – Artur Feio
Interpelado pela RUM, Artur Feio que já disse que se vai recandidatar, insiste que o processo eleitoral de 2018 “foi bastante limpo” e lembra que a sua lista contou mais 500 votos do que a lista do seu opositor num universo de pouco mais de 700 militantes que se deslocaram às urnas. “A vitória foi inequívoca, clara e expressiva quanto à vontade dos militantes”, recorda. Insistindo que desconhecia qualquer decisão do acórdão que chegou um ano depois das eleições, Artur Feio refere que “ainda bem que aconteceu” e que chegou aos militantes.
Artur Feio avisa ainda que a moção foi entregue nas 24 horas subsequentes e lamenta a postura de Jorge Faria e da sua lista. “Tenho pena que uma vitória tão redonda esteja a ser manchada. Quem naturalmente não consegue vencer na vontade dos militantes tenta vencer na secretaria”, acusa.
Na opinião de Artur Feio “já todos perceberam que a lista de Jorge Faria – que vai perdendo força – tem pessoas com convicções pessoais relacionadas com o passado distante do partido”.
*Com Vanessa Batista
Áudio:
Jorge Faria e Artur Feio
