Empresas pagam propinas aos melhores alunos de Civil

Um envelope branco, com uma licenciatura paga no interior. Desde o ano lectivo 2014/2015 que os melhores alunos do Mestrado Integrado de Engenharia Civil da UMinho são contemplados com uma Bolsa de Estudo e Mérito. O patrocínio surge de empresas da área que olham para eles como um “investimento”.

Esta segunda-feira, no campus de Azurém, foram entregues 32 bolsas, equivalentes ao valor da propina de toda a formação.

Atribuidas por 10 empresas parceiras da área, as bolsas integram um programa criado no ano lectivo 2014/2015 para atrair mais alunos para o curso, num momento em que poucos eram os estudantes que ingressavam no curso.

“Não há finalistas suficientes para satisfazer as necessidades do mercado”


Hoje, o panorama inverteu. As médias dos alunos subiram e o interesse pela área também.

Esta prenda em jeito de recompensa pelas excelentes classificações tem ajudado a cativar os estudantes e a cumprir o objectivo do programa.

“Um dos objectivos da bolsa era fomentar a presença dos alunos, ao mesmo tempo que têm a propina paga têm também a manifestação do interesse da empresa. Por isso, os alunos hão-de reconhecer que são necessários no mercado de trabalho e isto é um incentivo para que se mantenham no curso. É uma forma de mostrar aos alunos que as empresas estão empenhadas em angariá-los para os seus quadros”, explicou José Teixeira, director do departamento de Engenharia Civil.

Se em 2014 a procura sofreu uma quebra, em 2019, garante o director, “não há finalistas suficientes para satisfazer as necessidades do mercado”. “Temos, este ano, um número restrito de finalistas que resultou dos que entraram num ano em que tivemos muito poucas admissões, mas o mercado está muito carente de engenheiros civis e há uma procura substancial. A continuidade do apoio das empresas também mostra a necessidade de suprir as falhas no mercado de trabalho”, acrescentou.

“Satisfeito” com o reconhecimento, por parte das empresas “do valor dos engenheiros civis da universidade”, José Teixeira diz-se também “impressionado por uma boa parte dos intervenientes empresariais” terem sido formados na UMinho. “Mostra que há necessidade de engenheiros e até uma perspectiva de progresso na carreira”. “É reconfortante para nós perceber que há este reflexo positivo na vida empresarial das pessoas que são formadas cá”, afirmou.

Cerca de “90%” dos alunos de Civil que vão estagiar para a DST ficam na empresa

Jorge Silva, aluno do 4.º ano, estagiou na DST Group o ano passado e este ano regressa para mais uma oportunidade. O estudante enaltece a ajuda financeira, mas também o contacto com o mercado de trabalho. “Aprendem-se mais técnicas de trabalho e isso é sempre importante”, garantiu.

A DST Group é umas das 10 empresas parceiras do programa e a que mais alunos ajuda. No total, são 9 as bolsas pagas pela empresa. Eurico Soares, administrador, considera este apoio um “investimento, no sentido de ter um retorno, que é angariar para o grupo DST estes jovens estudantes, que são os melhores”. Eurico Soares não tem dúvidas de que os engenheiros com carimbo da UMinho “estão preparados”, uma vez que “o programa curricular da academia minhota é muito bom, comparado com outras universidades”. Dos estagiários que chegam à DST, cerca de “90%” são contractados. O interesse do grupo nos formandos da UMinho não se cinge à Engenharia Civil. “Contratamos, por ano, para cima de 20 quadros formados na Universidade do Minho”, garantiu o administrador.

Presente na sessão, o presidente da Escola de Engenharia da UMinho, João Monteiro, enalteceu a ligação da academia ao tecido empresarial. “Temos três vezes mais o número de ofertas de emprego do que os alunos que graduamos”, apontou o presidente.

João Monteiro gostava ainda de ver a colaboração entre academia e empresas alargada “à actividade lectiva, através de módulos leccionados por técnicos das empresas”. “Estes projectos de estágios de verão devem continuar e nas áreas de dissertação de mestrado e teses de doutoramento estamos abertos a enquadrar propostas das empresas”. “As empresas compreenderam que ao apoiar os alunos da UMinho estão a obter um retorno desse investimento”, garantiu ainda o presidente da Escola de Engenharia.

João Monteiro elogiou ainda o trabalho desenvolvido pelo departamento de Engenharia Civil, que tem “uma excelente actuação ao nível da oferta de variados mestrados”.

Os 32 alunos de Civil vão agora integrar um estágio de verão nas empresas com quem assinaram o protocolo, havendo ainda uma segunda oportunidade reservada para o final do mestrado.

As bolsas de estudo foram entregues esta quarta-feira, no campus de Azurém. 

Áudio:

José Teixeira, director do departamento de Eng. Civil, Jorge Silva, aluno do 4.º ano, e Eurico Soares, administrador da DST Group, a propósito das bolsas de estudo e mérito

Liliana Oliveira
Liliana Oliveira

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