Espólio mais importante sobre Braga estará aberto ao público dentro de 1 ano

Dentro de um ano e meio “a mais importante biblioteca particular sobre a cidade dos arcebispos”, estará disponível na Biblioteca Pública de Braga, Unidade Orgânica da Universidade do Minho. Mais especificamente na zona das Torres, no academia minhota.
Um espólio riquíssimo de mais de 20 mil obras, muitas delas raras, coleccionadas por Manuel António Braga da Cruz. A biblioteca contém livros, manuscritos, folhetos e fólios de 1528 até à actualidade, incluindo um importante núcleo referente à história da cidade de Braga. Fazem também parte do espólio publicações ligadas à literatura, com destaque para a camoniana e camiliana, à história de Portugal, genealogia e heráldica, numismática, arte e azulejaria, matemática, física, química, ciências naturais, agricultura e vinhos.
Afonso Braga da Cruz, filho, confessou estar satisfeito com a doação, uma vez que a colecção se encontrava fechada entre portas no anonimato. Deste modo passa a poder partilhar conhecimento com a população. Na sessão revelou parte da história desta biblioteca que foi constituída “livro a livro” pelo seu pai.
“Ele (pai) lia os livros mas não os cuidava. Eu não os li, mas sempre me dediquei a tratar de todos os pormenores”, adianta emocionado.
UMinho cumpre a sua missão de levar conhecimento à sociedade.
O reitor da Universidade do Minho, Rui Vieira de Castro, não tem dúvidas que a Biblioteca Pública de Braga está ainda “mais rica”. Para o responsável máximo da academia minhota a preservação de bibliotecas e de as disponibilizar ao público acaba por proporcionar, por exemplo, aos “núcleos de investigadores ferramentas que não conseguem encontrar em mais lado algum para levar a cabo os seus trabalhos”.
Rui Vieira de Castro anunciou durante a sessão que a UMinho tem como ambição acolher mais bibliotecas privadas.
Já o director da Biblioteca Pública de Braga, Elísio Araújo, sublinha que este é um passo importante para a unidade cultural da UMinho. Nos próximos dias será iniciada a transferência das obras assim como a instalação e tratamentos das mesmas. No entanto, o director adianta ainda que será preciso construir algum mobiliário para instalar as peças. Um trabalho que levará alguns “meses” a ser executado. O processo deverá estar concluído dentro de no máximo um ano e meio.
À RUM Elísio Araújo confessou que na visita que fez para conhecer a biblioteca, há vários meses, ficou espantado em confirmar uma história que o seu pai lhe contava na sua juventude. Essa história que julgava mito é na verdade um projecto que está retratado neste “riquíssimo espólio”. Trata-se de um “Braço de Mar” que iria ligar Esposende à Ponte do Bico, ou seja, trazer embarcações desde o Atlântico até ao rio Cávado.
