Ex-ministro defende maior ligação entre a academia e a administração pública

Miguel Macedo considera que as universidades podem ser essenciais na resolução de problemas de planeamento estratégico com que, no seu entender, a administração pública se depara actualmente. O ex-ministro da Administração Interna foi esta quarta-feira um dos convidados do painel “Principais dificuldades na implementação de Políticas Públicas e o papel da Administração Pública”, inserido na 21ª edição dos Colóquios de Administração Pública, que se realizam na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho.
Frisando que “quase nenhum sector da administração pública tem um planeamento estratégico como devia”, Miguel Macedo alerta para a urgência de “investir na qualificação de recursos, fazendo uma ligação muito mais forte daquela que tem existido entre as universidades e a administração pública central”.
“Não precisamos de colocar em cada minstério dez quadros – até porque se calhar não existem – para fazer esse gabinete estratégico de planeamento. Precisamos de ter dois ou três que operacionalizem no ministério com um conjunto de pessoas ligado às universidades que possam dar um aporte técnico e científico ao que é preciso fazer”, explica. O ministro da Administação Interna entre 2011 e 2014 acrescenta que a saúde e a justiça são duas das áreas que têm sido mais afectadas no sector da administração pública.
Hugo Soares esteve também presente no painel. Perspectivando os principais desafios para o futuro nesta área, o ex-líder parlamentar do PSD defende uma valorização dos recursos humanos, com “gente qualificada” e “melhor paga”. Além disso, refere que é necessário “desburocratizar” o sector, visto que, no seu entender, a administração pública encontra-se “muito inclausurada e pesada, o que dificulta aquilo que deve ser o funcionamento normal de um Estado”.
Um dos temas em destaque no evento organizado pelo Centro de Estudos de Administração Pública da Universidade do Minho foi a descentralização. Carla Cruz, que foi também convidada para fazer parte do painel, enfatiza que a CDU é “crítica”, considerando que “não é um processo verdadeiro de descentralização, mas sim de transferência de competências para as autarquias sem que haja efectivamente um envelope financeiro que permita cumprir essas atribuições”.
“Entendemos que a administração central encontrou uma forma de sacudir as suas responsabilidades”, acrescenta.
Nesse sentido, Carla Cruz defende que a regionalização seria “um meio de corrigir as assimetrias que afectam o território”.
Os três políticos bracarenses participaram no segundo e último dia dos Colóquios de Administração Pública. No primeiro painel, realizado esta terça-feira, foram discutidos os principais dilemas da administração local.
