Grande Prémio Eduardo Prado Coelho entregue a “obra sagaz”

“Uma escrita sagaz e fundamentada”, “um ensaio de qualidade excepcional e brilhante”. Foram apenas algumas das palavras usadas para descrever a obra vencedora deste ano do Grande Prémio de Ensaio Eduardo Prado Coelho e que, segundo o júri, “abre portas para novas leituras”.
A tese de doutoramento de Isabel Cristina Rodrigues foi a escolhida para receber o galardão este ano. Intitulada “A Palavra Imersa. Silêncio e Produção de Sentido em Vergílio Ferreira”, a obra dá uma nova luz sobre “uma temática ainda pouco explorada” sobre a obra daquele autor português, disse a autora.
O prémio foi entregue esta manhã na Biblioteca Municipal Camilo Castelo Branco, em Famalicão, e, no final da cerimónia, a professora Isabel Cristina Mateus, porta-voz do júri, referiu que a decisão foi “difícil” mas que esta foi a “escolha acertada”. “É uma leitura muita atenta e bem informada sob o ponto de vista científico e metodológico”, disse. Mas para o júri, este ensaio conta, ainda, “com uma característica invulgar” nos trabalhos académicos do género: “percebe-se uma sensibilidade e uma paixão muito grande pelo objecto de estudo. Vai muito além do trabalho académico, entusiasma o leitor e transmite a paixão da autora do ensaio pela obra de Vergílio Ferreira”, explicou a porta-voz do júri.
Este prémio, patrocinado desde o início pelo município de Famalicão em parceria com a Associação Portuguesa de Escritores, é entregue desde 2010 e Isabel Cristina Rodrigues é a segunda mulher a ser distinguida com o galardão.
Este trabalho parte da sua tese de doutoramento, mas a ligação a Vergílio Ferreira começou na adolescência. Coincidência ou não, a autora tem raízes familiares numa pequena aldeia perto de Gouveia “que em relação à Serra da Estrela tem a mesma posição da aldeia onde nasceu Vergílio Ferreira”. “Sempre gostei daquela paisagem e houve um familiar que quando saiu o livro ‘Para Sempre’ sugeriu-me essa leitura. Foi uma paixão imediata que me levou a percorrer toda a obra de Vergílio Ferreira e a encontrar nele um mestre naquilo que eu entendo que deve ser a Literatura e também um mestre em muitos outros aspectos que formam um leitor e uma pessoa”, explicou a vencedora do prémio.
Para Isabel Cristina Rodrigues é “uma enorme honra” receber o prémio, até porque foi publicado em 2016, ano em que se celebraram os 100 anos desde o nascimento de Vergílio Ferreira.
