10 anos de Guidance celebrados no feminino

O Guidance regressa para a sua 10ª edição sob o olhar do feminino. O festival de dança contemporânea de Guimarães volta no próximo ano, entre os dias 6 e 16 de Fevereiro, com 11 espectáculos, dos quais quatro serão estreias nacionais e duas absolutas.
Nos palcos do Centro Cultural Vila Flor (CCVF) e do Centro Internacional de Artes José de Guimarães (CIAJG), o Guidance apresenta como principais destaques coreógrafas nacionais consolidadas como Vera Mantero ou Tânia Carvalho mas também nomes emergentes como Joana Castro. No plano internacional, a canadiana Marie Chouinard ou o colectivo Akram Khan Company são os chamarizes da 10ª edição do festival.
A apresentação do programa do Guidance decorreu esta manhã, no palco do grande auditório do CCVF, e Rui Torrinha, director-artístico do festival, ressalvou o cartaz pelo cruzamento entre “o legado e o feminino, num programa que representa aquilo que é a dança em Portugal neste momento”.
O responsável justificou o cartaz quase inteiramento no feminino por considerar que “a mulher é o maior veículo das sensações de sensibilidade e diversidade no acto da criação“, sublinhando ainda o cuidado do Guidance em “fazer, a cada ano, um ping-pong entre dar palco a artistas novos e reconhecidos”.
Vera Mantero é a coreógrafa em destaque
Vera Mantero é a coreógrafa em destaque na 10ª edição do Guidance. Aos 53 anos, Mantero é considerada uma das artistas mais importantes da dança contemporânea nacional, numa carreira que já leva mais de 30 anos. Em Guimarães vai apresentar as peças “Os Serrenhos do Caldeirão” – criada em 2012 -, e “O Esplendor e Dismorfia” – em estreia nacional -, espectáculo da coreógrafa com o artista Jonathan Saldanha, .
Sobre esta última peça, Mantero revelou que já foi estreada em França e representa “uma observação sobre aquilo que são as metamorfoses corporais”, num espectáculo que coloca em palco os corpos dos dois artistas “numa espécie de simbiose”. Rui Torrinha, entre elogios, esclareceu a escolha de Vera Mantero como a coreógrafa em destaque pelo “exemplo incrível que é de longevidade, questionamento e vitalidade”.
Joana Castro lamenta “falta de respeito pelas pessoas que trabalham na Cultura”
Se Vera Mantero é já uma artista reconhecida no panorama da dança contemporânea nacional, Joana Castro está ainda a dar os primeiros passos. A artista portuense vai apresentar no Guidance a peça “Rite of Decay” (traduzido em algo como Ritual da Decadência), uma criação que Joana Castro disse explorar “corpos que se multiplicam em corpos que já não estão”, apontando ao próprio título da peça para explicar que se trata de “um ritual sobre a morte”.
A peça, esclareceu a coreógrafa, apresenta em palco “um corpo líquido, metamórfico, numa peça com pouca luz”. “É a minha própria experiência de luto”, prosseguiu Joana Castro, que aproveitou a sua criação para reflectir sobre a cultura em Portugal. “Não há qualquer tipo de respeito sobre as pessoas que trabalham na cultura e sinto que há uma necessidade de luto. É importante estarmos de luto neste lado precário da criação artística”.
Vereadora da Cultura destaca papel diferenciador da cidade na área cultural
A representar a autarquia na apresentação do Guidance esteve Adelina Paula Pinto, vereadora da Cultura de Guimarães, que sublinhou o “papel diferenciador de Guimarães” na área cultural. A autarca lembrou o programa paralelo do Guidance – que traz residências artísticas, masterclasses, debates, além da proximidade à educação e mediação cultural – que “deixa no território um know how para entender o lado dos bastidores”.
Também o director-executivo d’A Oficina, Ricardo Freitas, falou do apoio que o festival dá à criação artística, revelando que o orçamento global do Guidance está cifrado nos 175 mil euros.
O Guidance regressa no próximo ano e um passe promocional já se encontra à venda aqui. O programa do festival pode ser consultado na página d’A Oficina.
