Guimarães quer ser o “berço do recomeço” para refugiados

Guimarães quer ser o “berço do recomeço” para cidadãos com necessidade de protecção internacional. Foi esta a ideia passada esta segunda-feira por várias instituições que, a partir desta noite, acolhem mais 26 pessoas da comunidade yazidi. São seis famílias compostas por oito mulheres, sete homens e 11 crianças. Os refugiados ficarão instalados nas freguesias de Tabuadelo, Brito, Atães, Costa e Lar de Santa Estefânia. O acolhimento está a ser preparado há várias semanas, sob coordenação dos serviços de Acção Social da Câmara Municipal de Guimarães.
Em conferência de imprensa, o autarca Domingos Bragança destacou a envolvência da comunidade vimaranense em todo o acolhimento. “É uma comunidade muito solidária, com grande sentido humanitário, respondendo aos desafios dos nossos tempos. É a comunidade que faz com que o “Guimarães Acolhe” seja tão afectivo e integrador”, garantiu.
Guimarães tem capacidade para acolher mais pessoas, diz o autarca, explicando que o acolhimento garante uma
“resposta integral e de qualidade, não sendo apenas de alojamento e alimentação”. “Queremos que estas pessoas reencontrem os seus projectos de vida”, disse.
Uma das “novas casas” será providenciada pela Associação para o Desenvolvimento das Comunidades Locais, que irá acolher uma família, composta por cinco pessoas. Aos jornalistas, Gabriela Nunes, da associação, admitiu que este será “um enorme desafio”, mas que “não é difícil quando toda a gente se une e procurar encontrar recursos para responder as necessidades”. “Temos que ter em conta a cultura deles e perceber que este grupo é particularmente fragilizado”, lembrou.
Já a Junta do Núcleo de Guimarães do Corpo Nacional de Escutas representa o Arciprestado de Guimarães e Vizela e irá acolher uma família de quatro pessoas. Ernesto Machado explicou que será feito “um trabalho de proximidade diário com a família, criando dinâmica com os jovens, de forma a que se sintam integrados e não pressionados”.
Por sua vez, o Lar de Santa Estefânia já acolhe crianças de vários países e, esta segunda-feira, vai “mais longe” e acolher uma família de três pessoas. Fernando Alves Pinto explicou que a comunidade vimaranense ajudou na recepção. “Quando decidimos acolher a família, arranjamos uma casa «completamente despida» e, em cerca de uma semana, enchemos o local”, constatou.
A Santa Casa da Misericórdia de Guimarães ficará responsável por uma pessoa. José Catarino dos Santos, explicou que o cidadão ficará instalado no Acolhimento das Trinas, um espaço comunitário. “Posso dizer que, num espaço de 15 dias, recolhemos de várias empresas da região lençóis, colchas e utensílios para a cozinha”, revelou.
Recorde-se que o plano de acção vimaranense acolheu, até ao momento, 43 cidadãos oriundos do Estado da Eritreia, Etiópia, Síria e República Centro Africana. O autarca admitiu que “uma ou outra família” se mudou para outros países, de forma a encontrar outros membros das famílias. “O que é certo é que damos o que podemos, a nível material e emocional. É um plano integrado no que toca à educação, saúde e profissional”, garantiu.
Os cidadãos chegam por volta das 20h à cidade berço, para um jantar, seguindo depois para os locais onde ficarão a viver. Neste acolhimento, participaram sete instituições: Lar de Santa Estefânia, Arciprestado de Guimarães Vizela, Paróquia Nossa Senhora da Oliveira, Centro Social e Comunitário de Tabuadelo, Santa Casa da Misericórdia de Guimarães, Associação para o Desenvolvimento das Comunidades Locais e Centro Social de Brito.
