“Iniciativa verde contribuiu para o aquecimento global”

Hans-Verner Sinn é um economista alemão, docente na Universidade de Munique, membro do conselho consultivo do ministério da economia da Alemanha, e esteve esta tarde na Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho para um seminário intitulado “How to fight Climate Change [Como combater as alterações climáticas]”. Antes das respostas, o especialista falou dos problemas e do que levou a uma urgência premente em combater as alterações climáticas.

Hans-Verner começou por falar sobre como o uso excessivo dos combustíveis fósseis foi o causador do aquecimento global. O uso e a extracção excedente deveu-se em grande parte, segundo a sua análise, ao surgimento da iniciativa verde nos anos 80, com o aparecimento de organismos como a Greenpeace ou, mais tarde, com o protocolo de Quioto. O emergir daquilo que denominou “iniciativa verde” desencadeou a uma extracção despropositada do petróleo. 

“Após o segundo aumento brutal dos preços no petróleo nos anos 80, arrancou o movimento verde. Com isso, os donos do petróleo começaram a ficar nervosos com a possibilidade de destruição do mercado. Reagiram ao extraírem quantidades anormais de petróleo para o período, para garantirem a sua riqueza, e isso resultou no declínio de preços. A redução dos preços levou a uma maior procura de combustíveis fósseis. Por isso, creio que a iniciativa verde não só não diminuiu o aquecimento global como o aumentou”, sintetizou.

O especialista defendeu a continuação do movimento verde mas, numa perspectiva económica, alertou para a implementação de políticas mais eficientes e pragmáticas. As medidas passam pela actualização do Acordo de Paris, “no estabelecimento de multas para os incumpridores das emissões de CO2” e pelo comércio internacional de emissões, uma medida que permite aos países comprometidos com a redução de emissões de gases do efeito estufa uma negociação do excedente das metas de emissões entre si. 

O especialista explicou que implicações é que poderão haver no mercado do petróleo, caso as medidas não sejam aplicadas. “Não faz sentido país agir sozinho, como é o caso dos Estados Unidos, e o resto do mundo não reagir. Se um país age sozinho – e não corta nas emissões de CO2 – e o resto dos países não reage, o preço do mercado do carbono desce. Se o preço do mercado desce, os donos das reservas de petróleo podem ficar induzidos a extrair ainda mais para aumentar os preços. Isso implicaria que os maiores países consumissem as reservas que os países mais pequenos não usam e, pior ainda, aproveitassem os recursos extra que os donos das reservas de petróleo extraíssem a mais.”

Hans-Verner Sinn apresentou ainda notas sobre a “volatilidade” das energias eólica e solar. “Às vezes não há vento ou sol suficientes e precisámos de recorrer aos meios antigos para preencher o vazio; outras vezes, a energia eólica e solar é tanta que nem sabemos onde usá-la. Podemos tentar guardá-la mas isso é difícil e as perdas serão enormes. É uma possibildade mas é muito cara”, concluiu.

Áudio:

Hans-Verner Sinn apresentou a sua visão sobre as alterações climáticas

Pedro Magalhães
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