Investigadora da UMinho recebe Medalha de Honra

A investigadora da UMinho, Joana Cabral, é distinguida esta quarta-feira com a Medalha de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência.

A cientista vai receber 15 mil euros para conectar a matemática com a neurologia e representar o mapa do cérebro humano.

O trabalho de Joana Cabral vai “utilizar fórmulas matemáticas, que têm sido desenvolvidas em áreas de redes dinâmicas”, e que a investigadora quer “aplicar ao mapa de ligações de neurónios”, permitindo “fazer simulações em computador e comparar esses resultados com o que se tem observado”. “Ao mesmo tempo, dentro do scâner de ressonância magnética conseguimos, com certos parâmetros de aquisição, registar a actividade do cérebro e consegue-se saber em que zonas do cérebro se está a consumir mais oxigénio”, completou a invetsigadora.

Joana Cabral adianta ainda que este estudo vai permitir detectar as alterações nas redes funcionais em pessoas com doenças neurológicas e psiquiátricas. “Já há alguns anos que se detectam diferenças na actividade cerebral nas pessoas que têm certas patologias neurológicas ou psiquiátricas mas é difícil saber a origem delas”, explicou.

“Ao obter um modelo que explique essa origem de oscilações e a relação à rede” será possível “ter um modelo teórico dessas diferentes doenças e, com isso, eventualmente, vir a desenvolver métodos de tratamento mais direccionados”.

Joana Cabral recebe esta distinção como estímulo para o trabalho que vai desenvolver no futuro. A investigadora assume que “a carreira científica é difícil”, porque obriga os cientistas a “acreditar no seu trabalho e a vencer certos dogmas que existem na ciência”, mas esta distinção fá-la “acreditar em si e dá motivação para continuar, porque é sinal que as pessoas dão valor”. “Fiquei muito contente por receber esta distinção, porque sei que existe investigação de qualidade em Portugal e, portanto, fez-me sentir que realmente é um trabalho que tem valor”, comentou.

A invetsigadora diz ter sido “inspirada por outras mulheres na ciência” e espera agora “inspirar outras raparigas, que estejam a ponderar ir para a ciência”. “Embora haja algum descontentamento geral em relação a ciência em Portugal, há boas oportunidades. Os jovens estão muito descontentes com a ciência e os bons alunos já não querem ir para ciência, porque só ouvem que não há financiamento, mas há”, garantiu a investigadora que “nos últimos 11 anos foi financiada pela FCT”. “Existem cada vez mais iniciativas que apoiam projectos originais e precisamos de, cada vez mais, pessoas nas« ciência, porque acredito que a longo prazo vai dar o seu retorno”, finalizou.

O prémio atribuído pela L’Oréal Portugal, Comissão Nacional da UNESCO e Fundação para a Ciência e a Tecnologia visa incentivar investigadoras em Portugal, já doutoradas e até aos 35 anos, a prosseguirem estudos originais e relevantes para a saúde e o ambiente.

A Medalha de Honra L’Oréal Portugal vai na sua 15ª edição e pretende contribuir para aumentar o número de cientistas mulheres a nível mundial, que continua abaixo dos 30%.

Além de Joana Cabral, Diana Madeira (Universidade de Aveiro), Joana Caldeira (Universidade do Porto) e Patrícia Costa Reis (Universidade de Lisboa) também foram distinguidas. 

Natural do Porto, Joana Cabral recebe o prémio aos 35 anos, depois de se ter doutorado em Neurociência Teórica e Computacional (2012) em Barcelona, logo após ter concluído o curso de Engenharia Biomédica. A cientista regressou a Portugal depois de terminar um pós-doutoramento em Oxford, mantendo-se como investigadora do Instituto de Investigação em Ciências da Vida e Saúde e da Escola de Medicina da UMinho, ao mesmo tempo que continua a colaborar em vários projetos internacionais.

Áudio:

Joana Cabral, investigadora da UMinho, fala sobre o estudo que está a desenvolver

Liliana Oliveira
Liliana Oliveira

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