Issho Technology. Desde Braga a dar forma ao mobiliário

A ISSHO Technology nasceu, em 2013, na cidade de Braga, pelas mãos de dois empreendedores: um português, André Sousa, e um italiano, Mauro Reggla. Juntos criaram um software/configurador tridimensional que fornece aos clientes empresariais um processo mais fácil, rápido e económico. Neste momento, contam com um crescimento anual médio em volume de negócios de 194%, entre 2015-2017. A RUM conversou com o CSO (Chief Strategy Officer), Guilherme Fonseca, que nos apresentou a Issho Technology.

O que significa ISSHO

ISSHO deriva de uma palavra japonesa com duplo significado. O termo significa “juntos e no mesmo sítio” o que segundo Guilherme Fonseca, transmite “na perfeição a missão da empresa” que tem como objectivo “interligar todas as fases de produção, optimização e processo produtivo do cliente desde a fábrica até às lojas. O software ISSHO está em “constante evolução” de modo a continuar a ser um configurador com soluções “simples e eficazes”.

O que é a ISSHO Technology

A ISSHO Technology não trabalha directamente com o consumidor final mas sim com o cliente empresarial. O software ISSHO permite aos fabricantes industriais terem acesso a tecnologias de digitalização de produção e oferecer produtos de design personalizado sem comprometer a produção em massa. Isso é conseguido através de um configurador tridimensional, o ISSHO 3D, onde é possível desenhar, modelar, configurar e/ou personalizar os produtos que podem ir desde “mobiliário para cozinhas, casas de banho, roupeiros até sapatos e casotas para cães”.

O software gera instantaneamente um orçamento e uma imagem realista para que o cliente possa tomar uma decisão. Quando o orçamento é convertido em encomenda, o software gera automaticamente “uma listagem de tudo o que o fabricante vai necessitar a nível de material para produzir aquela encomenda”. “Uma forma fácil de fazer em minutos e sem papel, o que hoje em dia demora dias, para além de poder disponibilizar uma versão cloud para a rede comercial de lojistas, agentes, distribuidores etc, e uma plataforma de e-commerce para o consumidor final”.

Em suma, um software que permite trabalhar diferentes fases do processo produtivo num único interface.

“Braga tem o ecossistema perfeito para os empreendedores”

Para Guilherme Fonseca, a cidade dos arcebispos “foi o tónico que permitiu à ISSHO Technology captar talento além fronteiras”. O responsável adianta que “Braga tem o ecossistema local que os empreendedores precisam”.

Guilherme vai mais longe e explica que, ao longo dos anos, “os empreendedores têm vindo a ser presenteados com contos de presenças relâmpagos em grandes cidades, mas a verdade é que esses berços, como Londres, nem sempre são as melhores incubadoras para essas empresas”.

O CSO destaca que a cidade minhota oferece “um microclima fantástico para o investimento”, através de uma rede de parceiros extensa que orienta o percurso das empresas, como é o caso da InvestBraga, do INL e da Universidade do Minho onde a ISSHO Technology procura mão de obra qualificada.

Mercados e financiamento

Com 10 colaboradores, a ISSHO Technology opera para 15 clientes nacionais e internacionais. Em Portugal, um dos nomes mais sonantes a trabalhar com a companhia sediada em Braga é o grupo Visabeira através da empresa Mob, o maior produtor de mobiliário de cozinha no país. Neste momento, a ISSHO já trabalha com algumas empresas francesas, porém o objectivo durante o ano de 2019 passa por aumentar a fatia da exportação.

A ISSHO Technology arrancou em 2013 com cinco mil euros e assim que fechou negócio com o primeiro cliente reforçou o investimento inicial com 125 mil euros de capitais próprios dos sócios. O esforço financeiro efectuado permitiu concluir o desenvolvimento do configurador, seguindo-se as receitas provenientes das primeiras vendas que permitiram sustentar a atividade até ao dia de hoje. 

Actualmente, receberam 300 mil euros do programa Portugal 2020 que estão a terminar de executar. Guilherme Fonseca sublinha o facto da ISSHO Technology ter sido elegida pelo MIT como melhor tecnologia industrial portuguesa.

Software traduz-se em ganhos ambientais

Guilherme Fonseca garante que através de um processo inteligente, integrado e automatizado, o Issho 3D consegue diminuir em “99% dos casos os níveis de erros de produção”. Ora, segundo o Chief Strategy Officer, o software tem permitido diminuir até 20% da utilização de matérias-primas, o que tem resultado num aumento médio das vendas superior a 20% de acordo com dados disponibilizados pelos clientes desta PME.

Para além de contribuir para um menor desperdício, este software, que assenta na industria 4.0, faz com que o cliente final consiga, de forma mais rápida e interactiva, o produto final. O responsável explica que o grosso das demos que a empresa pratica, junto dos seus clientes, são presenciais de modo a “absorver mais da realidade das fábricas com quem vamos trabalhar e perceber quais as suas reais necessidades”. Que podem ir desde lista de materiais necessários, optimização do corte de placas e perfis, programação das máquinas ou mesmo impressoras 3D e etiquetagem.

De seguida, para o cliente final, isso traduz-se numa facilidade de antever o resultado do projecto, assim como de personalização das cores, dimensões e materiais. “Os clientes já não precisam de esperar semanas para ver o produto e podem customizar o mesmo no conforto do escritório do lojista”, sublinha Guilherme Fonseca.

Metas para 2019

A Issho Technology pretende “consolidar a sua marca no mercado nacional” assim como focar-se, essencialmente, no “desenvolvimento de tecnologias”. A internacionalização é outro dos chavões da PME, sendo que o mercado do sector mobiliário em e-commerce tem vindo a demonstrar um crescimento superior, por exemplo, em comparação com o sector da moda. Em Portugal este foi o sector que mais cresceu, 19% enquanto moda apenas conseguiu alcançar os 15%.