Lista do PS Braga às legislativas gera discórdia dentro do partido

A lista apresentada pela Federação Distrital de Braga do Partido Socialista às legislativas, aprovada por 88,6%, não tem gerado consenso no partido.
A lista de efectivos espera dois nomes indicados pela direcção nacional do PS, e na 3.ª posição surge Joaquim Barreto, seguido pelo vimaranense Luís Soares e por Ana Maria Silva, de Barcelos.
“Estamos a fragilizar-nos enquanto partido num momento em que deveríamos estar todos juntos”
De Barcelos, chega a primeira opinião desfavorável aos nomes apresentados.
Manuel Mota, líder da concelhia barcelense, garante à RUM que a discórdia, neste caso em relação à escolha de Ana Maria Silva, não se prende com “os nomes” mas com os “critérios” usados para a escolha, que “faz sentido que sejam iguais para todos”. “No caso da concelhia de Barcelos, os critérios estabelecidos para toda a restante lista não foram aplicados, colocando um candidato que tinha ido a votos na comissão política concelhia e tinha ficado em 3.º lugar, sendo que ganhei com maioria absoluta”, afirmou à RUM Manuel Mota.
O líder da concelhia de Barcelos considera ainda que este desacordo por parte de algumas concelhias e outras vozes do partido pode interferir no resultados das legislativas de Outubro, “porque o eleitorado olha não só para as propostas políticas do PS em termos nacionais como também para os seus representantes”. “A concelhia de Barcelos é, em termos de militantes, a mais relevante do distrito. Depois da tomada de posição, outras concelhias e outros militantes com relevância, como os ex-presidentes da Câmara de Guimarães e de Vizela ou o actual presidente da Câmara de Fafe, tomaram posições em relação à lista que seria relevante que fossem analisadas. Estamos a fragilizar-nos enquanto partido político num momento em que deveríamos estar todos juntos”, frisou.
Artur Feio “absolutamente solidário” com a lista apresentada pela distrital de Braga
Opinião diferente tem Artur Feio, presidente da concelhia socialista de Braga, que considera que “quem faz listas comete sempre, aos olhos dos outros, alguns erros na forma como coloca e ordena os nomes”. “Por questões de regra, paridade, representatividade, dimensão concelhia, há aqui um jogo muito difícil de gerir. Estamos a falar de uma lista que foi aprovada por 88%. Houve camaradas de Vila Verde e Barcelos que votaram a favor da lista que foi apresentada”, apontou.
O socialista bracarense diz estar “absolutamente solidário” com a lista apresentada pela distrital de Braga para as legislativas de Outubro. “Não julgo que a lista apresentada pelo secretariado, liderado por Joaquim Barreto, venha a sofrer qualquer alteração ou modificação por pressão ou que isso venha a virar-se contra os resultados do PS”, disse Artur Feio, que afirma ainda que “o Partido Socialista tem, como qualquer partido político, as suas questões internas”. “Qualquer intervenção da Nacional não me parece que tenha qualquer sentido ou que, estatuariamente, tenha qualquer enquadramento”, justificou o líder da concelhia de Braga, que reforça a “união em volta da lista e da liderança de Joaquim Barreto na distrital”.
António Magalhães diz que lista “não tem qualidade nem isenção”
O socialista vimaranense António Magalhães acusa Joaquim Barreto, líder da distrital, de não trabalhar “em consonância com aquilo que são os estatutos do partido”.
“A liderança da Federação de Braga trabalha num registo de índole pessoal. Em função das escolhas de cunho pessoal, sem critério, sem ser o amiguismo, dão origem a uma perturbação distrital que caracteriza a liderança do actual presidente”, criticou.
O socialista, que dirigiu os destinos da Câmara de Guimarães durante seis mandatos, responsabiliza ainda Joaquim Barreto pelos resultados das últimas autárquicas. “Perdemos três ou quatro Câmaras e maioria em mais duas, só porque a intervenção do presidente da Federação protegia aqueles de quem precisava para ser presidente da Federação e não protegia o partido naquilo que era a eleição, que deu o resultado que deu”, afirmou.
Ainda que discorde, e confrontado com a aprovação da lista por 88%, António Magalhães considera que “a lista é aprovada por esses valores porque a base daqueles que foram ditados num congresso em Cabeceiras de Basto tem por trás já esse conceito de amiguismo”. “ Não tem qualidade, nem isenção”, apontou o vimaranense a propósito da lista. “O secretário-geral avoca para si e faz uma lista condigna, é isso que queremos, e alguns dos que lá estão podem lá ficar”, finalizou.
A lista apresentada pela distrital de Braga do PS para as eleições legislativas de Outubro não tem gerado consenso dentro do próprio partido.
A RUM tem tentado chegar à fala com Joaquim Barreto, presidente da distrital, algo que não foi possível até ao momento.
Lista de Candidatos
Efectivos:
1. (indicação da Direção Nacional)
2. (indicação da Direção Nacional)
3. Joaquim Barreto (Federação Distrital de Braga)
4. Luís Soares (Guimarães)
5. Ana Maria Silva (Barcelos)
6. Pedro Sousa (Braga)
7. Nuno Sá (V.N. Famalicão)
8. Palmira Maciel (Mulheres Socialistas)
9. Daniel Bastos (Fafe)
10. Dora Gaspar (Vizela)
11. Nelson Felgueiras (Juventude Socialista)
12. Fernando Ribeiro (Póvoa de Lanhoso)
13. Célia Menezes (V.N. Famalicão)
14. José Morais (Vila Verde)
15. Casimiro Rodrigues (Barcelos)
16. Vânia Cruz (Vieira do Minho)
17. Fernanda Araújo (Amares)
18. João Paulo Mesquita (Celorico de Basto)
19. Ania Martins Peixoto (Esposende)
Suplentes:
20. Filipe Mota Pires (Terras de Bouro)
21. Eduarda Lopes (Vieira do Minho)
22. Miguel Pereira (Póvoa de Lanhoso)
23. Márcia Nunes (V.N. Famalicão)
24. Juliana Santos (V.N. Famalicão)
25. Parcídio de Matos Summavielle Soares (Fafe)
NOTA: A Direção Nacional designará dois candidatos, que serão colocados nos lugares que a própria indicará, sendo que o Secretário Geral nomeará o cabeça de lista.
