Livro sobre reflexão de vida apresentado no Hosp. de Braga

Uma espécie de guião para familiares, doentes e profissionais de saúde que retrata  a “morte como uma porta aberta para a vida”. Foi desta forma que a autora, a médica especialista em cuidados paliativos, Ana Cláudia Arantes, descreveu o seu segundo livro.

“A morte é um dia que vale a pena viver” é o título da obra. Ana Cláudia Arantes não esconde que se trata de um nome “provocador”, no entanto “quem conseguir passar a triagem do título, pode vir a encantar-se com a vida”, afirma. 

Apesar do peso da capa, a autora não considera que este seja um livro “difícil”, porém é “desafiador no seu conteúdo”, uma vez que alguns capítulos terão de ser enfrentados com “um momento de silêncio” devido à sua mensagem “tocante”. Porém, a nível linguístico, a obra é “acessível”, sem termos hostis.

“O desafio de quem quer estar ao lado de uma pessoa que está a morrer é saber transformar o sentimento dela em algo de valor. Transformar o sentimento de fracasso diante da doença num sentimento de orgulho pela coragem de enfrentar o sofrimento de finitude”.

Esta é uma obra que aborda as dimensões dos cuidados paliativos, do cuidador e do espiritual. A especialista não considera a morte como um tema tabu da sociedade, isto porque “ninguém pode escolher não morrer”. Um dos aspectos realçados pela autora e médica foi o do “fracasso”, sentimento partilhado pelos profissionais de saúde.

“Nós estudamos tudo sobre uma doença, mas depois mesmo assim o doente pode não responder ao tratamento”completou. Ana Cláudia garante que é um momento complexo a nível sentimental para os médicos e  enfermeiros que estão dentro desse processo.

Um dos subtemas da obra é a solidão. A autora  garante que “quem vive muito tempo vive triste”, uma vez que uma pessoa de 100 anos, por exemplo, já perdeu todos os entes queridos.

No final desta viagem, que é  “A morte é um dia que vale a pena viver”, a autora ambiciona que os leitores estejam “mais lúcidos das perdas do dia-a-dia” e mais abertos a “entender as vontades do fim da vida”. 

“Cuidar de alguém é a maior vitória perante a doença e é um excelente motivo para procurar um novo olhar para a vida”.