Luís Aguiar-Conraria: “PAN pode fazer Governo com PS”

Luís Aguiar-Conraria elege dois vencedores e dois derrotados em noite de eleições europeias. O analista, Professor da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, refere que o Bloco de Esquerda e o PAN – que até sugere como uma alternativa a uma solução governativa com o PS nas eleições legislativas de Outubro – são os que saem por cima, enquanto CDS e CDU terão de repensar estratégias.


Numa primeira análise à RUM às projecções das europeias, Luís Aguiar-Conraria refere que a diferença de resultado entre PS e PSD não é substantiva tendo por termo de comparação a eleição de 2014, lembrando que os sociais-democratas foram a votos com o CDS.

“Baseando-me nas sondagens do ICS/ISCTE, se juntarmos o PSD com o CDS, os dois têm, mais ou menos, a mesma votação que o PAF (Portugal à Frente – que juntou os dois partidos de direita) teve há 5 anos. O PS também pouco mais terá tido”. A diferença a apontar entre 2014 e 2019, está, segundo o analista, na ausência de “penalização, que costuma haver, ao partido que está no poder”, como aconteceu há 5 anos.

“Gerigonça” dá “resultados miseráveis” à CDU

O docente estabelece a maior surpresa no resultado da CDU e perspectiva mudanças nos comunistas nos próximos tempos. “Desde que existe “gerigonça”, a CDU têm tido resultados miseráveis. Foi assim nas presidenciais, foi assim nas autárquicas (em que perdeu 10 câmaras) e agora vemos que pode ter o pior resultado de sempre nas europeias”. A coligação entre PCP e Verdes é, para Luís Aguiar-Conraria, “o partido mais penalizado com a existência da gerigonça” e os resultados vão “pesar nos próximos meses”.

Na derrota, o analista refere ainda “a estratégia falhada” do CDS. “No último congresso Assunção Cristas falava da possibilidade de ser primeira-ministra e dava como um dado quase adquirido que o CDS iria ultrapassar o PSD”. O resultado do CDS, que coloca os centristas atrás do Bloco e com a hipótese de eleger apenas um eurodeputado, justifica-se pela “aposta derrotada em colar-se à extrema-direita”, lembrando as declarações de Nuno Melo em relação ao partido espanhol Vox.

Vencedores são Bloco de Esquerda e PAN – que pode fazer Governo com Costa

“O triunfo eleitoral” que é Marisa Matias foi o motivo para o resultado histórico ao Bloco de Esquerda, diz Luís Aguiar. “Arrasta consigo muitos votos e é uma pena que esteja em Bruxelas”. Também o PAN, que elege um eurodeputado, merece a ressalva do analista, que estabelece como o “partido ecologista a sério em Portugal”. “É o partido que está para ficar e vale a pena lembrar que, com estes resultados, pode fazer parte de uma solução governativa com António Costa”.

Abstenção justifica-se com a (pouca) relevância do Parlamento Europeu

Luís Aguiar-Conraria comentou o elevado número da taxa de abstenção (até 70%). Para o analista, “o povo português, eu incluído, não consegue perceber a relevância do Parlamento Europeu”.

“É difícil explicar a relevância do Parlamento Europeu e prova disso é que na campanha os partidos discutiram assuntos nacionais. Quando discutimos assuntos europeus, como a austeridade, a presença da Troika ou as cativações do Centeno, nada disso passa pelo Parlamento Europeu”.

O analista considera que os eleitores portugueses olham para a eleição europeia como “eleger pessoas que vão ser bem pagas e naturalmente não votam”.

Áudio:

Analista em comentário à RUM

Pedro Magalhães
Pedro Magalhães

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