Manuel Mendes. O campeão que anseia pelo treino diariamente

Em 2016, aos 45 anos, Manuel Mendes foi o primeiro atleta vimaranense a estar nuns Jogos Paraolímpicos. Para Portugal acabou por trazer a Medalha de Bronze, em atletismo, na Maratona Classe T46, para amputados de membros superiores. No Dia Mundial da Rádio, dedicado ao desporto, tivemos a oportunidade de falar com um dos símbolos do desporto do concelho vimaranense e de Portugal. 


Perfeccionista, concilia o desporto com a sua actividade profissional, o que se torna menos complicado porque “felizmente a entidade empregadora é de uma compreensão enorme e consigo conciliar os treino com a competição, mas tento retribuir com dedicação”, explicou.


A sua ligação ao desporto começou “de uma forma tranquila”, com corridas com um familiar. Correu durante vários anos de forma amadora, para se sentir bem consigo próprio, “sem compromisso”. Mas foi depois de correr uma Maratona do Porto que percebeu que tinha feito uma marca de referência que lhe dava acesso aos paraolímpicos. “No final da corrida, por acaso, cruzei-me com um atleta também paraolímpico, que foi ver o tempo que fiz. Na segunda-feira seguinte, disse-me que tinha feito uma marca de referência que me dava acesso aos paraolímpicos. A partir daí, tudo feito com mais rigor e seriedade, com o meu treinador Ricardo Ribas”, explicou.


No caso do Manuel Mendes, o desporto vai além da prática de exercício físico, tendo sido uma forma de se integrar. “Sinto-me um cidadão bem integrado e de bem com a vida. Mas já tive o inverso. Já vivi uma fase em que tinha complexos e viva muito atormentado. Só a partir do momento em que me libertei dos complexos é que comecei a praticar desporto. Quando comecei a aceitar a minha situação, todo o resto correu melhor”, sublinhou.

Quanto à sua performance desportiva, Manuel Mendes diz que nunca saberá dizer se era melhor atleta com os dois braços. “Pelos entendidos, a sincronização de movimentos que não posso fazer traz alguma limitação. Mas eu poderia ter os dois membros e nunca ser atleta”, sublinhou. Para o atleta, o “problema” está “identificado”. “Estou bem assim. Não mudava nada se me dessem opção de escolha”.


A conquista da medalha de bronze, no Rio de Janeiro, chegou mais tarde e, garante Manuel Mendes, deveu-se à sua dedicação e esforço. “Não sou um talento puro. Há atletas que, de tão bons que são, dão-se ao luxo de não ser tão dedicados e alcançar o sucesso de igual forma. O que consigo é fruto de dedicação e trabalho. Não me desvio um milímetro do que me é exigido”, garantiu.

Conquistar a medalha foi “inesperado e rápido”. “Obviamente que fiquei contente, mas, sinceramente, não tinha ideia do alcance daquele feito. Não era favorito. Tenho presente que, na passagem do 4º para 3º lugar, naqueles últimos 6 quilómetros que faltavam, eu só pensava «quando chegar a Guimarães, quando estiver com os meus amigos… Vai ser magnífico». Corri esses quilómetros com uma sensação que superava o desgaste. Quando penso nessas coisas fico com pele de galinha”, admitiu.

As pessoas de Guimarães conhecem-no, comentam e dão-lhe os parabéns. “Noto que a cidade vibrou e gostou desta conquista. Na parte final, sentia um sopro das gentes da Guimarães que me estavam a empurrar para a vitória. A medalha não é só minha”, frisou.

Para o futuro, os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio são uma possibilidade que Manuel Mendes quer transformar em realidade. “Não sou jovem, mas enquanto tiver esta vontade de treinar todos os dias, vou continuar. Todos os dias penso:«“nunca mais chega a hora de ir treinar». Eu treino todos os dias com alegria, dedicação e vontade”, assegurou.

Áudio:

O desporto foi uma forma de Manuel Mendes se integrar.

Mafalda Oliveira
Mafalda Oliveira

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