Marcelo: “O reconhecimento da UNESCO é cheio de obrigações”

Júbilo, gratidão, emoção e responsabilidade. Segundo o Presidente da República, que esteve esta sexta-feira na cerimónia da inauguração das obras do projecto “Bom Jesus: Requalificar II”, no santuário, estes são os quatro pilares fundamentais relacionados com a aprovação da candidatura do monumento a Património Cultural Mundial da UNESCO.
Depois do “momento emocionante” que se viveu em Baku, há dois meses, Marcelo Rebelo de Sousa alerta para a existência de “uma nova fase histórica”. “O reconhecimento da UNESCO é cheio de obrigações, como são cuidar do património monumental, natural e envolvente”, destaca.
Salientando que houve um “duplo júbilo nacional”, com a elevação também do Palácio de Mafra a Património Cultural Mundial, mostrando-se grato pelo trabalho da diplomacia portuguesa, nomeadamente de Sampaio da Nóvoa e de Morais Cabral, considera que é necessário haver uma “vigilância permanente” para continuar a justificar o que foi alcançado, pedindo a todos que estão ligados ao monumento que vão “mais longe”.
A conotação religiosa associada ao Bom Jesus do Monte é uma realidade que Marcelo Rebelo de Sousa valoriza. Ainda assim, enaltece que o monumento é agora, com o título universal que adquiriu, “mais do que isso”. “Não é património de uma cultura, nem de uma religião, nem de uma região”, afirma.
O Presidente da República mostra-se satisfeito com a “preocupação” demonstrada por D. Jorge Ortiga, arcebispo de Braga, “com toda gente, não só com os crentes, mas também com os não crentes”.
Presente na cerimónia, Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga, apesar de destacar o financiamento comparticipado pelo Governo nas obras de requalificação do Bom Jesus, referiu “a estranheza que causou” o facto de o compromisso do Executivo “não ser ter verificado também em questões tão simples como o corte da vegetação que dá acesso a este local, que é da responsabilidade do Estado central”.
Para Marcelo Rebelo de Sousa, “impõe-se um relacionamento entre autarquias e estado numa colaboração e solidariedade contínuas”, assim como se “impõe uma cooperação contínua entre a Igreja e os poderes públicos”.
A gratidão foi uma palavra constantemente usada pelos vários intervenientes. Tal como Varico Pereira, coordenador-geral da candidatura, D. Jorge Ortiga salientou o apoio dado pelo Presidente da República ao projecto do Bom Jesus do Monte.
“Foi o primeiro das conferências do Bom Jesus, muito antes de ser Presidente República, a subscrever com a plena concordância o processo que iniciamos. Deu-nos forças para continuar. Assumiu a causa como sua”, revela o arcebispo de Braga.
Confraria do Bom Jesus tem mais 11 irmãos honorários
Fruto do trabalho desenvolvido durante o processo de candidatura, a Confraria do Bom Jesus do Monte decidiu atribuir o título de irmãos honorários a uma lista de 11 pessoas, na qual se incluem D. Jorge Ortiga, Sampaio da Nóvoa, embaixador de Portugal na UNESCO, e Morais Cabral, membro da Comissão Nacional da UNESCO.
Por seu turno, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu uma lembrança comemorativa pelo apoio prestado a este movimento. Pelas mãos de Adelino Costa, presidente da confraria, 38 pessoas que trabalham no Bom Jesus foram também distinguidas com uma medalha de reconhecimento.
Depois do término da segunda fase de requalificação, segue-se a terceira
As obras ocorridas durante a última fase de requalificação do Bom Jesus e da zona envolvente foram decisivas para a elevação do monumento a Património Cultural Mundial.
Os trabalhos centraram-se na limpeza e valorização da área natural envolvente à basílica, escadórios e capelas e na sua conservação e no restauro do escadório do pórtico, de seis capelas e do Terreiro dos Evangelistas. Além disso, foi ainda criado o Centro de Memórias do Santuário.
No total foram recuperados oito monumentos, 61 esculturas, 115 pinturas sobre tela foram restauradas e 2.087 livros inventariados. A nível ambiental, foram removidos mais de 2.000 exemplares de espécies invasoras na mata, plantadas 750 árvores de espécies autóctones e 4.219 arbustos.
Durantes os últimos três anos, o investimento nas obras foi de 1 747 616,90 euros, comparticipado pelo Programa Norte 2020 em 1 277 224,37 euros e o restante assegurado pela Confraria do Bom Jesus. Na cerimónia desta sexta-feira, Varico Pereira recordou que o orçamento que inicialmente tinha sido aprovado era de 2 173 850 euros, salientando que com “a realização de vários concursos deu para fazer uma poupança bastante significativa”.
Face ao estatuto adquirido em Julho na UNESCO, está já a ser preparada a terceria fase de requalificação do Bom Jesus. A criação de um centro interpretativo até 2022 é uma dos principais objectivos.
TBG
