Mesquita Machado confortável à saída do tribunal

Começou esta segunda-feira de manhã o julgamento de Mesquita Machado. O ex-autarca esteve cerca de hora e meia a tentar rebater a acusação do Ministério Público (MP) que o acusa de ter delineado uma estratégia, através da expropriação do quarteirão em torno do Recolhimento das Convertidas, para salvar a filha e genro de dívidas na sua empresa ligada ao ramo imobiliário.
Em tribunal, onde foi ouvido sozinho, Mesquita Machado assumiu que agiu sempre em defesa do interesse público e referiu-se à construção de uma Pousada da Juventude no local como uma excelente oportunidade que foi perdida para reabilitar o imóvel e todo o quarteirão envolvente. O ex-autarca referiu que quando tomou decisão não sabia da situação financeira da filha nem do seu envolvimento na empresa do marido. No final da audição, questionado pelos jornalistas, Mesquita Machado disse que estava “muito confortável” neste momento.
Mesquita Machado negou à juíza-presidente, Patrícia Madeira, ter conhecimento de uma eventual ilegalidade quando alegadamente teria tentado favorecer a sua filha mais nova e o seu genro, quando a poucos meses do final do seu último mandato expropriou, com carácter de urgência, prédios adjacentes pertencentes aos seus familiares, ao Recolhimento das Convertidas, situado no centro de Braga, para instalar a nova Pousada da Juventude.
Já Tinoco Faria, seu advogado, falou com os jornalistas para afirmar que não tem dúvidas na decisão da justiça: “Na nossa opinião a acusação é um equívoco e vamos provar isso com o julgamento O MP não vai conseguir provar o que consta da acusação e nós vamos provar que Mesquita Machado não cometeu qualquer crime e vai ser inocentado de todo este processo”, referiu o advogado que sublinhou que o mesmo ganha contornos políticos. “Vejam o rol de testemunhas da acusação e vejam quem está e quem não está, quais os vereadores e partidos políticos que fazem parte da acusação. Não por parte do MP, mas há uma clara politização do processo, isso há”, referiu o advogado que rematou lembrando que “Mesquita Machado ainda causa incómodo a muita gente”.
Recorde-se que Mesquita Machado foi ouvido no Tribunal de Braga pelos crimes de participação económica em negócio e abuso de poder, num processo que envolve ainda outros cinco antigos vereadores socialistas – Hugo Pires, Vítor Sousa, Palmira Maciel, Ilda Carneiro e Ana Paula Pereira. Estes vereadores optaram por não prestar declarações em tribunal, pelo menos nesta fase.
O Ministério Público (MP) acusa os seis arguidos de terem aprovado a expropriação por 2,9 milhões de euros, quando o seu valor comercial não excederia os 694 mil euros. O arguido contrapôs que os peritos nomeados pelo Tribunal da Relação avaliaram os imóveis em mais de 3 milhões de euros.
