Movimentos Sindicais devem ser rejuvenescidos

“Movimento Sindical. Que influências?” Foi o tema da palestra organizada pelo Centro de Estudos do Curso de Relações Internacionais (CECRI), esta sexta-feira, no campus de Gualtar da UMinho. A sessão contou com a presença de dois sociólogos Manuel Carvalho da Silva e Elísio Estanque. Os dois professores catedráticos deram uma percepção histórica do que tem vindo a ser a organização sindical desde o século XIX, em Portugal.
Para o professor é essencial que os movimentos sindicais “apostem no seu rejuvenescimento”. Acção que já está a decorrer em alguns sectores. Manuel Carvalho da Silva frisa também a importância dos jovens desenvolverem um pensamento crítico, por exemplo, em relação à industria 4.0. “Apresentam cenários apocalípticos, mas nunca falam nos ganhos”, afirma. O professor recorda que já existiram outras revoluções ao nível da indústria e em todos os casos “os ganhos foram superiores às perdas”.
Na óptica de Manuel Carvalho da Silva, ex lider da CGTP – Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses, os sindicatos estão a ultrapassar um período de crise devido à “dinâmica mundial criada pelo neoliberalismo” que dá cada vez mais destaque e promove a individualização. O professor da Universidade de Coimbra e conhecido lutador sindical declara que “os sindicatos têm de ter um papel mais activo na sociedade”.
Esta opinião é partilhada por Elísio Estanque que acrescenta que os líderes sindicais têm e devem trabalhar a comunicação. O convidado garante que a linguagem está “desactualizada”. Ou seja, para Elísio Estanque as estruturas sindicais devem apostar nos “novos meios de comunicação e plataformas digitais” para combater o isolamento interno.
Elísio Estanque comentou, também, a greve de fome do líder do Sindicato Democrático dos Enfermeiros, Carlos Ramalho. O convidado alerta para o facto de existem “interesses obscuros” nos movimentos sindicais que não permitem entender “quem está realmente a dinamizar estas lutas”.
O académico descreve o movimento sindical dos dias de hoje como “menos orientado, autêntico e solidário para a coesão social”. Na sua opinião, Portugal está a atingir o limite máximo no que toca “a suportar as condições adversas e injustas do mundo laboral”.
Áudio:
Os testemunhos dos dois sociólogos, Manuel Carvalho da Silva e Elísio Estanque sobre a actual situação nos Movimentos Sindicalistas em Portugal.
